«A Casa do Porcozunho» - Poesia de Sr. João.
(Poema de João Guerreiro da Purificação - Aldeia da Mata)
«Já vai sendo há muito que eu reparo
Na fachada desta casa abandonada
Que o destino a levou ao desamparo
E à solidão triste a que está votada.
De porta escancarada, a convidar,
Humildemente, a dizer que tem janela
Mas que há muito não vê entrar
Ninguém curioso para estar a ela.
Já não tem lá dentro braços abertos
Esperando com amor outros cansados
Nem carinhos nem uns sorrisos certos
Por criança alegremente dados.
Que sonhos lindos não teria havido
E segredos à lareira já esquecida
Oh! casa o que tu terás escondido
Que só já ao silêncio dás guarida!
Com a chaminé sem fumo ao céu erguida
Sofrendo o seu tormento em agonia
Esta casa que está esquecida
Já foi lar e guardou amor um dia.
Se lágrimas lá dentro tu tiveste
Foram de prazeres e alegrias
Hoje, choras tu, casa, que não deste
Largas loucas ao mundo das fantasias.»
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In. “ANTA” Poesias - João Guerreiro da Purificação – Aldeia da Mata – 1992 – Edição de Autor – Gráfica Almondina, Torres Novas. (pag. 93)
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O Sr. João Guerreiro da Purificação é um Poeta de excelência. Figura em diversos postais nos blogues. Com textos em poesia e em prosa.
Há algum tempo que ando para publicar este Poema, ilustrado com fotos da Casa. Em Fevereiro, quinze, na caminhada que fiz com Amigo Marco, tive oportunidade de fotografar a Casa e vários excertos da mesma. Muita curiosidade suscita esta obra arquitetónica. Desde logo o facto de ser colorida, rebocada com requinte e estética na frontaria. A localização, guardando a horta. A própria horta. Haverei de fazer um postal sobre a mesma. Os efeitos das cheias de Dezembro de 2022, principalmente a do dia vinte.
Caro/a Leitor/a, aprecie o lindo Poema, visualize as fotos, SFF.
Bons passeios primaveris, com saúde!