A Ribeira das Pedras e as Cheias
Viagem pelo Património de Aldeia da Mata!
Nos postais anteriores sobre a Ponte da Ribeira das Pedras, apresentei fotos de inscrições numa pedra, na margem direita e Norte da Ribeira, em que estão assinaladas marcas de duas grandes cheias, ocorridas em 1941 e 1959.
Conhecia a marcação da grande cheia dos anos cinquenta, lembrava-me da inscrição, embora julgasse que a data era de 57. Tinha e tenho ideia dessa cheia, era eu criança.
Em finais de Dezembro e início de Janeiro, resolvi ir até à Ribeira com o objetivo de, além de tirar fotos à ponte, ribeira e passadeiras, fotografar também essa pedra com as inscrições evocativas. Não tinha conhecimento da referência à cheia de 1941. Pelo menos não me lembrava.
A pedra em molde de “quadro”, resultante de corte nela efetuado, estava coberta de musgos e líquenes, conforme a foto anterior documenta.
Fora munido de escova e vassoura e limpei a pedra, o melhor que pude, para visualizar os registos. De certo modo surpreendi-me com a referência a 1941 e constatei que a cheia da década de cinquenta ocorrera em 1959.
Interessante esse registo efetuado.
Do trabalho pictográfico de 1941, desconhecemos a respetiva Autoria. Mas é relevante notar que o respetivo Autor fez o algarismo quatro (4), em espelho. Quem terá sido o Artista?!
A marcação de 1959 tem Autoria. Simultaneamente com a datação e o risco assinalando até onde chegou a água, estão as iniciais dos nomes dos Autores: FCA e JBG.
Estes senhores, atualmente já falecidos, à data, eram jovens. Trabalhavam nas pedreiras. Daí terem concretizado a interessante ideia de registarem na pedra a ocorrência do transbordo da Ribeira, nesse ano de 1959. Assim fica para memória futura a lembrança de tal facto. Talvez também influenciados pela sinalização de 1941. (Suposições minhas.)
É também importante precisar que ambas as ocorrências aconteceram em Janeiro: 22 – 1 – 1959 e 23 – 1 – 41. Quase no mesmo dia!
E estamos a falar de cheias e consequentemente chuva e, neste Inverno, mal choveu. Acaba-se Janeiro e não vemos água! A água faz muita falta, embora também nos aborreça!
E com este postal abordamos novamente Património Material e Imaterial de Aldeia da Mata. Natural e Humanizado. A Ribeira, a Ponte, as Passadeiras e a Memória das Cheias, também eternizadas materialmente, no registo pictográfico na pedra!