Fonte da Bica: Quadras de J. Guerreiro da Purificação
«Fonte da Bica»
«Com paciência de velhinha
A transparecer de contente
Vens com a água fresquinha
Matando a sede à gente.
És rainha dos segredos
Das fontes da nossa terra
Também tens fama de medos
De há muito a esta era.
Humilde fonte da bica
Cercada de olivais
Quem te esquece, a dever fica,
Quem não te esquece, dá ais.
Ninguém sabe agradecer
As muitas sedes que mataste
Quem sabe se alguém ao beber
Alguma vida salvaste.
Os filhos da nossa terra
Que longe ganham seu pão
Lembram-se bem como era
Beber água na mão.
É lindo e tem sentido
Esta maneira de beber
Mas a dor fica contigo
Se alguém te vai esquecer.
Se bebo a tua água
Renasce-me a minha vida
De contente volta a mágoa
Ao lembrar a despedida.
Tens o Ribeirinho, por namorado,
Que te beija a toda a hora
E lá em cima o povoado
Zelando-te pelo tempo fora.
Nas noites quentes de verão
Com rouxinóis a cantar
Enche-nos de alegria o coração
Beber da tua água ao luar.
A fama dos teus medos
Que há muito de ti vem
Já não seriam segredos
Se não os guardasses tão bem.»
In. “ANTA” - Poesias. Pag. 19 - De João Guerreiro da Purificação. Aldeia da Mata – 1992.
P.S. – Com este postal, continuo na divulgação de Património de Aldeia da Mata.
Material: as Fontes, neste caso, a da Bica.
Imaterial: Poesia, de João Guerreiro da Purificação.
Espero que tenha gostado, Caro/a Leitor/a.