Fonte do Salto: Poesia de J. G. da Purificação
Quadras do Sr. João: João Guerreiro da Purificação
«Fonte do Salto»
«Ó velha fonte do Salto,
Quem não te esquece sou eu
Nem as pedras lá do alto
Parecendo tocar o céu.
Ó linda fonte velhinha,
Com nascente numa frágua
Que tens toda a avezinha
Gostando da tua água.
Tu és rainha, como fonte,
Deixa-me dizer-te baixinho
Não ouça a fonte do Monte
A das Pulhas e Salgueirinho.
Já não ouves as crianças,
Brincando despreocupadas,
Nem o roçar das suas tranças
Nas tuas bicas douradas.
Junto a ti algumas asneiras
Eram ditas com doçura
Por lindas moças solteiras
Sorvendo a água pura.
Nem o eco perto ficou
Das cantigas doutra era
Toda a alegria acabou
E na Fonte havia espera.
Eu bem sinto o teu sofrer,
Assim como o rosmaninho,
Só quem pára para beber
É quem passa de caminho.
Só não muda a tua água
Saída das tuas bicas
Vem o tempo cura a mágoa
Tudo passa e tu ficas.
Tens a ribeira à tua frente
Correndo ao seu destino.
Ó Salto, fica contente
Não te julgues sozinho.
Estás aonde estamos
Esta verdade é certa
De ti todos te lembramos
Quando a sede aperta.»
In. “ANTA” Poesias - João Guerreiro da Purificação – Aldeia da Mata – 1992 – Edição de Autor – Gráfica Almondina, Torres Novas. (pag.s 16 e 17)
Com este Postal Nº 39, em “Apeadeiro”, continuamos na divulgação do Património Material e Imaterial de Aldeia da Mata.
Retornamos às Fontes e, em Poesia! Lindas e sugestivas Quadras do Sr. João.
(Não sei quando esta Poesia terá sido escrita. Nela, o Autor lamenta, com nostalgia, o facto de a Fonte já não ser procurada para buscar água. Já havia distribuição da dita ao domicílio. Facto ocorrido na segunda metade da década de sessenta. O livro foi publicado em 1992. A criação das quadras terá ocorrido entre estas datas, suponho eu, claro!)
Continuaremos em futuros postais com esta temática das Fontes.
Caro/a Leitor/a: Muito Obrigado pela sua atenção. Votos de muita Saúde.