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Apeadeiro da Mata

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02
Nov24

Santinhos – Alminhas - “Unha de Boi”!

Francisco Carita Mata

Ontem, foi o “Dia dos Santinhos”!

Na tarde desse dia, na minha infância e adolescência – anos sessenta - ainda era costume irmos às Alminhas, festejar os Santinhos. Levava-se uma pequena “merenda” - uma broa, uma romã - para se comer lá, naquele espaço e por lá se andava na brincadeira – até vir a “Unha de Boi”!

Num ano, certamente já na segunda metade da década de sessenta, lembro-me de terem feito uma espécie, ou tentativa, de teatro. O “ensaiador – encenador” foi um jovem, um pouco mais velho que eu, que já cá não está. O José Xavier, mais conhecido, na altura, por “Zé Catarro”. Que esteja em Paz!

Ontem, também falei com a minha Mãe sobre como era a ida às Alminhas, para festejar os Santinhos, no tempo dela. Neste caso, referir-me-ei a finais de anos trinta, início de anos quarenta.

Levavam merenda. Numa bolsa, uma broa milha, ou bolo d’orelha (bolo finto), umas passas (de figo), uma romã. Merendavam. As jovens mais velhas faziam balhos.

(Aí cantariam as cantigas, as modas que sabiam. As de “Altemira…”, certamente… Mas isto acrescento e infiro eu. Sim! Porque como quer o/a Caro/a Leitor/a que a rapaziada cantasse e dançasse, se finais de trinta, inícios de quarenta, ainda não havia rádio portátil?! Improvisavam, cantavam à capela, à desgarrada… ao desafio.)

Até que alguém mais velho, se lembrava de gritar:

“Vem aí a Unha de Boi! Vem aí Unha de Boi!...”

E, os/as mais pequenos/as, que ainda acreditavam nisso, tratavam de fugir pela Estrada Nova a caminho da Aldeia. (Replicariam, quase século e meio depois, a correria das tropas, que por ali andaram, no célebre “Combate de Flor da Rosa”, que ocorreu às portas de Aldeia da Mata, no dia 4 de Junho de 1801!)

(Também me contou um episódio, a propósito da “Unha de Boi”, ocorrido com o Francisco Belo, filho de Prima Teresa “Boanova”, também protagonista do livro “De altemira…”

Era ele miúdo. Pela respetiva idade, teria ocorrido aí por 2ª metade da década de cinquenta! Um dia, avistou a chegar a casa, ao sol-posto, o “Ti Toles” – marido de “Ti Vitória” - que ele, pelos vistos não conheceria. Este senhor era pastor numas herdades distantes. Só vinha a casa, de vez em quando, pois não podia deixar o gado sozinho. Era a sina dos pastores daquele tempo, em que os rebanhos andavam em regime extensivo nas grandes herdades.

Ao avistá-lo, enfarpelado como andavam as pessoas naquelas épocas, vivendo semanas a fio no campo, gritou, assustado e chamando Mãe Teresa:

Ó mãe, ó mãe, … venha cá ver, que vem além a “Unha de Boi”!

***

E, por hoje, termino estas minhas narrativas sobre os “Santinhos”, as “Alminhas” e a “Unha de Boi”!

Esta “Unha de Boi” era assim uma espécie de “Bicho Papão”, de “Coca / Cuca", com que as mães arreliavam - atemorizando - os filhos, para eles não se ausentarem para muito longe!

Olha que vem aí a “Unha de Boi”!!

 

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