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Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

21
Nov24

Aforismos, Ditos, Provérbios (III):

Francisco Carita Mata

Que me foram ditos por Dona Maribela, minha Mãe!

***

"Ditos" da Aldeia, relacionados com a chuva, com os comboios - quando eles passavam nas respetivas Linhas - e também com o Sino da Igreja Matriz, que “dá as horas”!

***

Aldeia da Mata fica entre duas Linhas de Caminho de Ferro.

A Sul, passa a Linha de Leste, implantada ainda no século XIX. (Aí está o antigo apeadeiro: Apeadeiro da Matta. Não sei se logo desde a construção da Linha, se posteriormente. Fica já no concelho de Alter do Chão, embora servisse a povoação da Aldeia, que é do concelho do Crato. Não sei, nem imagino, quantas vezes aí me terei apeado, principalmente nas décadas de setenta e oitenta, do séc. XX. Eu, e milhares de Conterrâneos.)

A Norte, passa o Ramal de Cáceres.

Quando se ouvia o comboio da Linha do Leste, lado de Alter, portanto, Sul da Aldeia, era sinal de que a chuva continuava. O vento, que propagava o som, vindo do Sul, traria e continuaria a trazer a chuva.

(O mesmo se dizia relativamente ao Sino da Igreja que, relativamente à nossa casa, fica a Sul, lado da Linha de Leste e de Alter do Chão.)

Quando se ouvia bem o comboio do Ramal de Cáceres, que fica do lado Norte, era sinal de que a chuva abalava.

O mesmo se dizia, quando se ouvia a água das cachoeiras da Ribeira das Caldeiras, que também ficam a Norte – Nordeste da Povoação.

Era também sinal de que a chuva se ia embora. O vento estava de Norte / Nordeste.

***   ***   ***

Ditos” contados pela Mãe, a 31/01/2021, na Aldeia, cerca das 20 h. / 20 e 30’, quando, em casa, ouvimos as vinte horas e as vinte e trinta, no Sino da Igreja. (A Igreja fica a Sul. Sinal de que a chuva continuaria e a modos que prosseguiu.)

***   ***   ***

P.S. - Também quero informar que, hoje, os CTT deixaram-me em casa, os exemplares das Antologias da APP. De 2023 - XXVII - e de 2024 - XXVIII.

Muito Obrigado à Direção da APP - Associação Portuguesa de Poetas.

E, muito especialmente, ao Poeta Rogélio Mena Gomes, que teve a amabilidade de providenciar o respetivo envio.

***

(A minha Mãe gosta imenso de ler. Agora já tem mais uns exemplares de livros para as suas leituras.)

 

22
Set24

O Verão vai terminar: o de 2024!

Francisco Carita Mata

Caro/a Leitor/a,

Vou tentar retomar a escrita nos blogues, com um pouco mais de regularidade.

Já sabe que, e pelo menos por agora, não vou publicar fotos, enquanto essa publicação estiver interditada.

Já comecei a rever postais iniciais e fui reduzindo a dimensão das fotografias publicadas. Irei continuar. Não sei bem se esse “desbaste” irá “produzir” mais espaço para novas publicações!

E o que tenho feito neste Verão que hoje termina?!

Umas vezes pelos campos, outras nas cidades e na Aldeia, a vida tem sido uma fona.

Foi tempo de figos. Este ano as figueiras foram muito generosas. Atribuo ao facto de ter chovido no Outono, no Inverno e na Primavera. Comemos, ofertámos e congelámos alguns, após descascados. Lá mais para diante, vão ser um regalo! Não lhe posso oferecer a si, bem que gostaria, nem posso mostrar fotos dos deste ano. Remeto para anos transatos.

As Figueiras da Índia também nos presentearam, mas deram menos que noutros anos. As que temos no Quintal e no Chão da Atafona. Porque eu vejo aí, por essas bermas de estradas, muitas carregadíssimas. Tiveram o mesmo destino que os autóctones. Comidos, papados, ofertados e também uns poucos congelados.

Chamamos-lhes da Índia, mas deveríamos chamar-lhes “Mexicanas” ou “Americanas”. É daí que são originárias. A designação advirá da confusão da descoberta da América, julgando-se que seria a Índia Ocidental!!! Adiante…

A propósito…

As ovelhas invadiram parte do “jardim” onde tínhamos muitas destas plantas, que para elas são um regalo, e deixaram um rasto de destruição que mete dó! (Mal comparado, parece a destruição na “Faixa de Gaza”!)

Figueiras da Índia destroçadas, roseiras depenicadas. Loureiros, gilbardeiras, lilás, rapaziada, vinca, tudo comido, esgadanhado, destruído. A figueira tradicional, de figos pretos por fora e pérola por dentro, que o Tio de meu Pai, João Carita, plantou talvez há um século, cujos ramos da base eu transformara numa sebe, ficou órfã dessa ramagem. Tudo comido!

Confio que o Outono, trazendo chuva, permitirá a respetiva recomposição.

A chuva!

Aí por Maio ou Junho, o telhado do cabanal e do palheiro apareceu com várias telhas levantadas. Supusemos terem sido os gatos, nalguma luta entre eles. (Pensei, inclusive, erradicá-los. Mas não consegui.) Entretanto, fui arranjando, amanhando as telhas, pelo menos as que estavam à beira das paredes. Remediei a situação. No meio, onde não consigo chegar, ficaram três ou quatro levantadas. Receio, por isso, a chuva! Terei de ver se consigo alguém para compor devidamente o telhado.

(Fico por aqui e por agora, Caro/a Leitor/a. Lamento não lhe ofertar figos nem sequer fotos!)

Feliz Outono!

 

02
Abr24

Gil e Marinete: Gatos dos meus Quintais (XXII)!

Francisco Carita Mata

O Gato Gil e a sobrinha Marinete!

20240317_144302.jpg

Há muito que não publico nada sobre os gatos dos meus quintais!

Da última vez que publiquei, ainda pensava que Marinete era um gato e, por isso, lhe chamavámos "Riscadinho"! Entretanto, revelada a verdadeira identidade, passou a nomear-se Marinete.

Na foto, da primeira quinzena de Março, estão tio e sobrinha. Gil é irmão de "Dona Mi-Dú", mãe de Marinete, que há dias não aparece. Julgo que estará novamente de bebé, segunda gestação. Mas não sei!

O Gil bem se vê que lhe falta a perna traseira esquerda.

Haviam acabado de comer.

Felizes, os gatos?!

Saúde e Paz!

(O tempo continua frio, ventoso e chuvoso!)

 

30
Mar24

Frésias tricolores...

Francisco Carita Mata

... e um intruso!

20240324_125235 (1).jpg

Tal como no postal de "Aquém-Tejo", também não tenho a certeza absoluta que esta planta também seja Frésia.

Esta tem a particularidade de ser bem bonita, nas suas três cores: vermelho, preto e amarelo. Bastante atrativa. Que o diga o "escaravelho" que por ali aterrou!

A foto é de 24/03/24. E as flores estão no "Quintal de Cima". A planta foi para aí trazida, através de um exemplar proveniente da Serra de Portalegre, de uma espécie de aterro, junto ao Cabeço das Antenas. Numa das últimas passeatas que realizámos pela Serra. De quando tinhamos oportunidade de realizar passeios pedestres pela Serra. Terei de ver quando foi. (Confirmei através das ligações que apresentei anteriormente: Abril de 2021. Ainda estávamos mais ou menos em "pandemia"!)

Os campos estão floridos e verdejantes, Tem chovido bastante neste final de Março, já Primavera, mas bastante invernosa. Vento, chuva, frio. Neve, nas terras altas.

A chuva faz sempre falta!

A Páscoa está a ser bastante molhada. Lembra-se como foi o Natal?!

Há um ditado que diz mais ou menos o seguinte: "Natal na rua, Páscoa em casa".

 

23
Mai23

Finalmente, voltou a chuva!

Francisco Carita Mata

Há um mês que não chovia, aqui para o Norte Alentejano!

Crónica molhada e estórias de “Gatos no Quintal” ( XIII)

Foi precisamente no dia 21/04/23 que publiquei também um postal sobre o tema. Que, chover é tema relevante de comunicar. E foi precisamente no passado domingo, 21/05/23, que voltou a chover. Ao final da tarde, na hora de passeio vespertino no circuito de manutenção, ela voltou. A água, a chuva! Por aqui, pela minha Aldeia, foi praticamente apenas o dia em que ela se dignou aparecer, com alguma consistência! Porque, hoje, 3ª feira e, ontem, segunda, mal deu ar de sua graça. Praticamente nada. Ligeiros pingos, pelo menos até agora.

As fotos mostram as Catalpas floridas, precisamente enquanto chovia.

Catalpas floridas. Original. 21.05.23.

Não era chuva de arrepiar caminho e mesmo Gil (Eanes), o gato caçador, não desistiu de me acompanhar, apesar de o ter tentado afugentar, para não ficar molhado. Seguiu-me e, claro, foi ele que mais se molhou. Miou, miou… (Que, eu levei guarda-chuva.)

A foto dos pingos de chuva e dos gatos, Ricardina e Gil.

(Ontem: 22/05/23)

Pingos de chuva. Original. 22.05.23.

Dia em que já não choveu. Ficaram os pingos de chuva!

Fiz limpezas no “Quintal de Baixo” e lá andaram os manos a acompanhar-me.

Enquanto chovia no domingo, o abrigo improvisado em que os manos se acoitaram.

Gatos em dia de chuva. original. 21.05.23.

E que chova mais um pouco. Já não sopra o vento seco que nos assolava há dias. Nem as poeiras do Sahara. Nem os calores destemperados que povoaram Abril.

A última foto: Pôr-do-sol em dia de poeiras.

Pôr do sol. Foto original. 18.05.23. 

(18/05/23)

11
Mai23

Ameixoeira Frutificada!

Francisco Carita Mata

Vale de Baixo – Aldeia da Mata

No caminho da Fonte das Pulhas ou do Porcos Unho!

Ameixoeira frutificada. Original. 05.05.23

Há cerca de vinte anos, pouco mais ou menos, semeei uns caroços de ameixas, no Vale de Baixo, entre a valeta sul e a parede, bordejando a Azinhaga da Fonte das Pulhas. A maioria não terá nascido, como é costume. (Se eu me orientasse pela taxa de sucesso das minhas sementeiras / plantações, há muito que eu teria desistido desta tarefa / função / mania / trabalho / idiossincrasia. Outro nome lhe chamaria, pensarei eu, mas não escrevo.)

Preciso de ter uma confirmação exata que esta ameixoeira resulta dessa sementeira, mas para isso tenho de a ver com os frutos amadurecidos. Veremos se será neste ano.

Frutos já tem, neste ano de 2023, como se pode observar na primeira foto. Não são muitos, mas esperemos que os poucos que tem, amadureçam.

Ameixoeira. Foto original. 07.05.23.

Em 2020 estava carregada. Mas foi o ano da pandemia. E, na altura em que estariam maduros, já lá mais para finais de Junho / Julho, ocorreram situações constrangedoras, no âmbito da Covid, e não pudemos vir à Aldeia. De modo que nunca vi os frutos no estádio final.

Perguntei a alguns dos passantes habituais, mas ninguém se lembrava dos frutos, de como eram ou deixavam de ser, de cor, forma, sabor. Adiante… Há muito boa e santa gente que não liga a estas coisas peculiares da Natureza.

Mas a Árvore terá amadurado as ameixas. Não me parece que a covid tenha afetado o respetivo amadurecimento! Se, ninguém, humano, as comeu, tê-las-ão comido os passarinhos, julgo eu. Mas esses também questionei, mas também nenhum me respondeu. Os rouxinóis dão-me música. E que música! Celestial! Todos os dias, quando faço o meu circuito de manutenção, muitas vezes acompanhado pelo Gil, eles cantam, cantam, trinam, trilam, gorjeiam, é algo sublime, encantador, inigualável, inimitável.

- Caro/a Leitor/a, costuma assistir aos concertos dos rouxinóis, aí para os lados onde habita?!

(Ainda sobre a Covid, será que as pessoas ainda têm consciência de como foi esse singular ano das nossas vidas?! Ou a Covid nunca existiu?! O Ser Humano tem por vezes amnésias seletivas!)

Mas nada disso é relevante para o fundamental.

Não sei o nome das ameixas ou abrunhos que semeei. Sei que eram caroços de uns frutos dessa espécie, muito vulgares, pretos, oblongos, carnudos e saborosos. Vendem-se todos os anos nos supermercados. Gosto de comprar, habitualmente.

Os desta ameixoeira, lembro-me de os ver verdes e tinham o formato elíptico. Os da foto inicial já apontam para essa formação. Aguardemos.

Se forem pretos, confirma-se a minha hipótese. A Árvore resultou da minha sementeira.

Ameixoeira. Foto original. 07.05.23.

Até lá, se chovesse um pouquinho, não faria mal.

Bem sei, que anda pessoal nos fenos…

(Não chovendo, terei de começar a regar.)

 

16
Abr23

Crónica sobre Gatos do meu Quintal (X)

Francisco Carita Mata

Nunca mais soube nada de Bart nem de Mi-Dú!

No último postal, em “Aquém-Tejo”, abordei tema muito do meu agrado. Neste, do “Apeadeiro”, a parte inicial desagrada-me. Nunca mais soube nada dos manos referidos, mano e mana. Já perguntei a vizinhos, mas também não os viram. Que terá sido feito deles?!

Em contrapartida, Gil e Ricardina lá andam pelo “Quintal de Baixo”. Andam, cirandam, amesendam-se, que há muita e variada comida. Gil é muito mais afoito. Acompanha-me no Chão da Atafona, vai comigo para o Vale de Baixo, segue-me pela Azinhaga da Fonte das Pulhas, vai até ao Rescão e, se me disponho, segue-me, acompanha-me, quase nele tropeço, até ao Porcozunho.

O aposento deles, hotel, motel, maternidade, continua sendo o quintal abandonado de “Ti Zé Fadista”, pegado ao “Quintal de Cima”. Onde primeiramente eles se ambientaram e interagiram connosco. Mas fui-os “educando” para não frequentarem esse quintal e estabeleceram-se no “Quintal de Baixo”. No de “Cima”, tenho canteiros, flores frágeis. Não convinha nada que por aí cirandassem.

É do quintal abandonado que partem, de manhã, quando me dirijo ao “Quintal de Baixo”, com alguma comida.

Mal chegam, espojam-se, esfregam as costas na terra, viram-se de barriga para cima, numa atitude de disponibilidade, de simpatia, de entrega, entendo eu, porque, ao agirem desse modo, colocam-se numa situação de completo à vontade, sem defesas, confiantes na reciprocidade de afeto, porque ficam, obviamente, numa posição totalmente vulnerável. Ao longo do dia, e se eu continuar pelo quintal, repetem estes gestos várias vezes, sinais de completa confiança com a minha pessoa. Digo eu, que não percebo nada de gatos, estou observando e tentando entender estas atitudes dos animais. Ainda não chegámos à situação de festas, que não sou nada afoito, nem tenho muita confiança… Alguma arranhadela! Mas Gil, enrosca-se-me nas pernas com a cauda, que receio pisá-lo.

Voltando ao “Quintal de Cima”. Tenho andado por lá, a regar, arrancando ervas, tratando das plantas, que semeei e abacelei. Passo aí várias horas, pelas tardes. No ano passado, enquanto aí andava, eles eram minha companhia. Nos muros, nos telhados do cabanal do Ti Zé, em correria pelos talhões das plantas e arbustos. Isto, antes dos ensinamentos do “processo educativo”. Agora, nestas minhas permanências de atividades de jardinagem, pura e simplesmente não aparecem. Ausentaram-se. Aprenderam certamente, pelo menos, eu quero crer que é assim.

Mas, na semana passada, numa das tardes que por lá estive várias horas, ao terminar as atividades, já sol-posto, onde venho encontrar Gil e Ricardina?!

Pois, no exterior, no cruzamento das azinhagas, lá estavam os manos! Esperando-me?! Velando-me, à distância?! Não sei! Mas quero crer que sim!

P.S. – Se em 2020, me dissessem que eu andaria a tratar de gatos, a interessar-me por estes animais tão peculiares, eu talvez dissesse: “Tal há-de ser a parvoeira!” Mas a Vida é assim!

Quanto às sementeiras e abacelamentos do Outono passado, informo que várias azinheiras, carvalhos, sobreiros, espargos, gilbardeiras, roseiras, estão germinadas e rebentadas. Das do ano passado também várias plantas estão consistentes. Agora, e no futuro, há que manter o que vingou. E, regar. Regar, que o tempo está péssimo. Que este calor, ainda que o pessoal deste meu querido País ache que é só praia, sol e maravilhas, para quem trabalha e vive dos campos, este Abril, com calor de Junho, é muito mau. E, diz-se que “Em Abril, águas mil!”

Saúde, Paz e que venha chuva!

 

16
Dez22

Imagens de um passeio em dia de cheias!

Francisco Carita Mata

Alguns pormenores, nos caminhos das Ribeiras.

Ribeiras que são apenas uma Ribeira!

Frutos de Carapeteiro / Espinheiro / Pilriteiro: Na Estrada Nacional, junto à ponte da Ribeira das Pedras – margem esquerda, lado sul.

Frutos Espinheiro. Foto original. 14.12.22.

Sobreiro descortiçado, realçada a coloração pela chuva: Caminho da Fonte de Salto, quase frontal ao Caminho da Ribeira da Lavandeira.

Sobreiro descortiçado. Foto original. 14.12.22.

Penedo coberto de líquenes, musgos, fetos, também no Caminho da Fonte do Salto, junto ao Chão Grande.  

Penedo. Foto Original. 14.12.22.

Figueira, no Chão da Atafona, no início do Caminho da Fonte das Pulhas / Porcozunho, ainda com muitas folhas, mas já com as cores outonais.

Figueira outonal. Foto Original. 14.12.22.

Foi plantada pelo Tio João Carita, segundo me dizia o Pai. Terá cerca de cem anos! Os figos são pretos por fora e branco-pérola por dentro. (Também se vislumbra um pequeno ramo de figueira da Índia! Esta é bem mais recente. Foi plantada por mim.)

*******

Bons passeios outonais. Com menos chuva!

 

 

22
Nov22

A Casa do Porcozunho - Aldeia da Mata

Francisco Carita Mata

Casa porcozunho. Foto original. 21.11.22

Da Horta de “Porcos Unho” (?)

A Norte Noroeste da Fonte das Pulhas!

Esta Casa, por demais interessante, conforme as fotos atestam, localiza-se na margem direita da Ribeira com o mesmo nome. Está em ruínas há dezenas de anos. Nunca me lembro de ter sido habitada. Integra uma propriedade onde, no lameiro bordejando a ribeira, existia uma horta e um pomar de laranjeiras e outras árvores frutíferas. Algumas ainda lá estão. Há sessenta, cinquenta anos, ainda funcionava como horta e pomar. Mas já não havia caseiro.

O Ti Zé da Luísa, o Ti Torrado, o Ti João da Rosa foram os caseiros de que a Mãe se lembra. Digamos que o primeiro, nos anos trinta do séc. XX; o segundo, nos anos quarenta e o terceiro já nos anos cinquenta. Estas correspondências temporais deduzo-as aproximadamente, sem datações precisas, obviamente. O Ti Torrado corresponderia aos anos quarenta, inícios de cinquenta, quando a Mãe trabalhava na carne, isto é, nas matanças dos porcos em casa do Sr. Antero.

Nos meados dos anos sessenta, quem tratava da horta e do pomar era a Srª Joaquina Rosa. Trazia canastradas de laranjas. Costumava deixar duas ou três no adro da Igreja, onde nós brincávamos. Também costumava dar aos meus Pais, quando eles estavam a trabalhar no Chão da Atafona e ela passava com os carregos dos citrinos.

Na época, a propriedade era do Sr. José Machado, que conheci, anos 60/70, que a herdara do tio, Sr. Tavares, que já não conheci. Eram ambos sobrinhos, em diferentes graus, do Sr. Joaquim Pedro Dias.

Casa porcozunho. Foto original. 21.11.22

Voltando à Casa. Repare que tem cor. Um modo um pouco diferente do que estamos habituados como “tradicional” no Alentejo. Hei-de voltar a escrever sobre a Casa. Tentarei tirar fotos mais de perto.

Só que tenho de atravessar a Ribeira, visível na foto, através das passadeiras e entrar na horta, abandonada.

Casa porcozunho. Foto original. 21.11.22

O Sr. João Guerreiro da Purificação escreveu um poema lindíssimo sobre esta casa. Publicá-lo-ei, quando tiver oportunidade.

(Sobre a cor nos edifícios e casas do Alentejo, um dos programas mais recentes de “Visita Guiada” abordou o assunto, nomeadamente referente a Monsaraz.)

Bons passeios outonais, apesar da chuva.

(Continua chovendo regular e periodicamente ao longo dos dias. Faz falta.)

 

31
Out22

Trabalhos no Ginásio (II) - Aldeia da Mata

Francisco Carita Mata

Vale de Baixo. Espaços de limpezas. Ginásio IV. Foto original. 28.09.22

Já sabemos que em Aldeia da Mata há vários ginásios.

Há até vários Conterrâneos que têm ginásios idênticos aos meus.

Com esta narrativa pretendo esclarecer como tem sido este meu ginasticar há alguns meses.

O trabalho tem consistido na limpeza das valetas e dos muretes que bordejam a propriedade. As várias ações têm dependido das condições climatéricas. Durante as inclemências tórridas dos meses de Junho, Julho e Agosto, as regas foram uma constante diária, nos vários espaços: Quintais, de Cima e de Baixo, Chão da Atafona e Vale de Baixo. Ao final da tarde e ao princípio da manhã. Para além de outras atividades.

A valeta longitudinal, de sentido leste – oeste, foi sendo sujeita a trabalhos de limpeza de manutenção.

Murete Central. Vale de Baixo. Foto original. 30.09.22

O já referido murete central também veio sendo limpo. Em ambos os casos, fui raspando as ervas e silvas secas, afastando-as das paredes, deixando uma espécie de clareiras, de modo a evitar possíveis focos de incêndio. Estávamos nos meses da berra do calor e dos fogos que lavravam por esse país fora. Não fosse o diabo tecê-las.

Trabalho idêntico fiz no Quintal de Baixo, que ficou totalmente limpo e no Chão da Atafona, que limpei à volta do cabanal e junto à parede norte. As ovelhas fizeram o primeiro trabalho, primordial nesses meses de Verão. Posteriormente, fui fazendo montureiras que foram decompondo a matéria orgânica, formando estrume. A chuva caída no final do verão ajudou imenso nessa decomposição e, no final de Setembro, esses vegetais decompostos serviram de lastro para as árvores.

Voltando ao murete, da parte central do Vale de Baixo, que as fotos documentam.

Murete central visto de Leste. Foto original. 22.10.22

As silvas secas e a maioria das verdes foram cortadas e retiradas. Deixei alguns ramos de silvas verdes, sensivelmente ao nível do caminho, dado que o terreno está em cota inferior à azinhaga. Essas silvas servirão de suporte ao murete, que é muito antigo, e está muito desfalcado de pedras estruturais. As ameixoeiras silvestres libertei-as de todas as silveiras que as enxameavam. As videiras de embarrado, que trepavam pelas ameixeiras, encaminhei-as paralelamente ao muro, de forma a protegê-lo e impedir a hipotética entrada de animais a partir do caminho.

Plantei algumas árvores e arbustos ao longo do muro: espinheiros, loureiro, figueira, romãzeira e figueiras da Índia. Acrescentam vegetação a pequenas árvores que semeei no ano passado, algumas nascidas: loureiros, carvalhos. Pretendo formar uma sebe, preferencialmente de árvores autóctones, mas também exóticas. Coloquei ramos de figueiras da Índia em vários espaços. Crescem rapidamente, supostamente servirão de suporte às pedras do muro. Darão figos no futuro, nem saberei o que fazer a tantos figos! Também são plantas que aguentam as secas… tanto se fala em alterações climáticas… São alimento excelente para os ovinos, que se regalam com tal iguaria. Aliás, tenho de as proteger, para que o gado não as coma antes de se desenvolverem. Aparentemente só vantagens! Excetuando os picos.

Também semeei arbustos: espinheiros/pilriteiros/carapeteiros, tantos nomes tem esta planta! E espargos. Tenho feito espargueiras nos quintais, para não ter de andar a correr campos alheios. Já há espargos, e já colhi.

Neste mês de Outubro tem chovido. Abençoada chuva! Ainda precisamos mais.

*******

P.S.Este texto foi escrito para ser publicado no início de Outubro. Mas as minhas dificuldades com a net impossibilitaram tal facto. Acontece agora, na finalização do mês. Obrigado pela sua atenção, Caro/a Leitor/a. Saúde e Paz!

 

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