Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

29
Ago25

Quadras Tradicionais da Aldeia (XIV): Frutos de Agosto!

Francisco Carita Mata

Ditas por D. Maria Belo, neste Agosto de 2025.

20250823_195746.jpg

Chapéu preto desabado

Quem o tem não é ninguém

Que há-de o meu bem fazer

Ao chapéu preto que tem.

*

Quando passares por mim

Não me abaixes o chapéu

Eu tenho ouvido dizer 

Ódios não entram no céu.

*

Chapéu preto não se usa

Faz figura de ladrão

Inda nunca m' encontraste

A roubar teu coração.

**

Valha-me Deus tanta lima

Tanta laranja no chão

Tanta amizade fingida

Tanto bem querer em vão.

*

Se a amizade se pesasse

Na balança da razão

Do meu lado pendia

Correntes até ao chão.

*

Anda o sol atrás da lua

A lua atrás do luar

Minha alma atrás da tua

Sem a poder alcançar.

*** * ***

Estas cantigas foram todas ditas em Agosto. Algumas pelo telefone! Durante os telefonemas que habitualmente fazemos ao longo do dia. Numa das vezes, estávamos no Jardim da Gulbenkian!

Talvez algumas destas quadras já figurem em "De altemira fiz um ramo".

***

Foto? Uvas de Agosto do "Quintal de Cima" - Aldeia da Mata.

20
Ago25

Quadras Tradicionais de Aldeia da Mata (XII)

Francisco Carita Mata

20250817_170216.jpg

Quadras Tradicionais (XII)

(Ditas por D. Antónia Aires e D. Maria Bela, recentemente.)

Francisco é um tinteiro 

Manuel pena parada 

José é rei dos amores 

João é carta fechada. 

(Dita por D. Antónia Aires.)

*** * ***

Quem me dera ter a vida 

Que a roseira tem no campo 

Não me dava tanta lida 

Nem em ti pensava tanto. 

(Dita por D. Maria Bela.)

 

22
Jul25

7 Quadras Tradicionais!

Francisco Carita Mata

l“Um Património Colectivo a Preservar”.

20250622_095503.jpg 

A alegria de uma mãe

É uma filha solteira

Casa a filha, vai-se embora

Vai-se a rosa da roseira.

 

A terra rebate a terra

E a terra rebate o homem

A terra é que nos cria

E a terra é que nos come. ***

 

Ao meu pai peço desculpa

Se me puder desculpar

Quero ir a correr mundo

Quero a casa abandonar.

 

Cantei uma, cantei duas

Com esta já são três

Canta lá ó rapariga

Que agora é a tua vez.

 

Deixa-me ver se ainda sei

Minha cantiga cantar

E os pontos que escolhi

Se ainda os sei juntar.

 

Eu bem sei que sabes, sabes

Eu bem sei que sabes bem

Eu bem sei que sabes dar

O valor a quem o tem.

 

Felicidade encontrada

Vela à noite na mão

Basta um ventinho de nada

E estamos na escuridão.

 

In. “Quadras Tradicionais (e não só) – Um Património Colectivo a Preservar”

Deolinda Milhano

(Pag.s 14, 21, 28, 35, 42, 49, 56)

20250624_134255.jpg

Notas e Questões Finais…

*** O meu Pai também dizia esta quadra, dizendo home – em vez de homem – como, tradicional e oralmente se dizia, no Alentejo. E também para rimar.

7 Quadras de 7 páginas de números múltiplos de 7!

E porquê 7?!

 

15
Jun25

Viveiro no Café do Jorge!

Francisco Carita Mata

Aldeia da Mata!

20250612_164705.jpg

Extraordinário!

De louvar esta brilhante iniciativa.

Se, no Mundo, toda a gente tivesse iniciativas destas, viveríamos num Mundo muito melhor!

O viveiro está bastante aumentado. Inicialmente, contava quatro vasos, agora  já vai em nove!

***

Terá de começar a distribuí-los?!

(É o que tenho feito no meu viveiro. Na semana passada, dei dois exemplares de Murtas ao Artur.)

***

Saúde e Paz, que tanta falta faz!

Aquém Tejo!

 

25
Mai25

Os Tanques da Corredoura!

Francisco Carita Mata

E o Lago?!

Ainda a propósito das “Festas da Cidade” e da Corredoura!

Em tempos, na Corredoura, existiu um Lago. Antes da intervenção do “Polis”, nos primórdios do III Milénio! Até foi habitado por cisnes!

Era um lago curvilíneo, enquadrado por simulacros de grutas fingidas, a modos de paisagens cársicas, fabricadas de cimentos e pedras. Ainda restam uns cocurutos. Do lago, não resta nada! Apenas as memórias. Era um espaço romântico e romantizado. As curvas, o passeio que o rodeava e amurada que o delimitava, proporcionavam recantos singelos e pitorescos. Aí se vivenciaram muitos romances juvenis, em intervalos escolares, em matinés de final de semana e fins de tardes. Às horas e nos modos em que o amor se tornasse urgente! Certamente também a amores mais proibitivos e a tempos mais recônditos.

Não sei mais!

Só sei que do lago, dos cisnes, nada sobrou!

Talvez não!

Quem atualmente passar pela Corredoura e procurar o Lago irá deparar-se com um espaço de skate e desportos radicais.

E algo alienígena, como que uns tanques retilíneos, trapezoides, que se vão esticando e encurtando, no sentido norte – sul.

20250524_100945.jpg

As fotos ilustram a parte central dessas estruturas. Como se fossem o leito médio de um ribeiro, todo em granito, a desembocar, a norte e jusante, nesses pretensos lagos.

Onde nunca vi água! Talvez quando chove…

20250524_100829.jpg

São reminiscências do lago curvilíneo, transformado em linhas retas, em tanques de granito claro.

Umas coisas sem jeito, que para ali estão, sem nunca terem exercido a função para que foram idealizados.

Certamente água a correr, descendo de sul para norte, aproveitando a gravidade. Manter operacional essa funcionalidade não deveria ser tarefa isenta de custos e tecnologia.

Testemunham a triste realidade deste País em que tanto se gasta em inutilidades. Haveria outras formas de pôr a água a correr, de modo mais natural.

Frente ao edifício da Câmara, figuram tanques semelhantes. Têm água quando chove. Folhagens dos plátanos, no Outono.

Faltam Árvores na Corredoura, substituindo as que cortaram. Cedros majestosos! Frente ao edifício da Câmara ficavam bem.

(Naquele espaço, tanto granito! – os skaters deram-lhe excelente utilidade!)

E os tanques?!

Se não lhes deitam água, transformem-nos em canteiros!

Plantem bolbosas, rizomas, plantas que aguentem a sede e o calor!

Plantem Árvores Autóctones nos espaços abertos do Parque!

 

13
Mar25

"Olhares", de João Sardica - Beja

Francisco Carita Mata

Crónicas de Beja (VII)

Centro UNESCO - Rua do Sembrano 74

Exposição de Aguarelas

De entre os vários e interessantíssimos trabalhos expostos, escolhi divulgar estes dois que se seguem, pelas suas particularidades e consonância com as experiências vivenciadas, na visita efetuada na Cidade de Beja.

"Castelo de Beja, em dia de chuva"

20250308_160913.jpg

(Nem de propósito! Tal foi esse dia 8 de Março, o dia anterior e os seguintes, até ontem, doze!

Hoje, aqui pela Margem Sul, esteve sol. Amanhã não sabemos!...)

***

E...

"Abandono!"

20250308_160951.jpg

Tanta casa abandonada!...

***

Ainda voltaremos ao "Centro UNESCO".

Se puder, quando puder, visite, SFF!

A Exposição de João Sardica é de visita imprescindível!

Ainda de Beja...

11
Mar25

Crónicas de Beja (IV) – Março 2025!

Francisco Carita Mata

Degradação do Centro Histórico e Problemáticas dos Imigrantes!

20250308_163307.jpg

A foto…

Conhece o edifício, Caro/a Leitor/a?!

Pois, é o imóvel da antiga delegação do Banco de Portugal!

Como a maioria das delegações de Bancos, por esse País afora, foi desativada. Em Portalegre, também. Funcionam serviços das Finanças. Em Beja, o edificado parece querer tomar o aspeto de muitas casas, palacetes, igrejas, do Centro Histórico da Urbe. Degradar-se. Muitos edifícios, deduzem-se de importância, vão-se destruindo. Civis, religiosos, públicos, privados. É cirandar, e ver!

Tanta falta de casas e tantas casas ao abandono! Não é só em Beja. É um pouco por todo o país. Que se vai deteriorando: por cidades, vilas e aldeias. Mas, em Beja, é praticamente todo o Centro Histórico!

Nesta Cidade, como um pouco pelo Alentejo, muitas construções perderam as respetivas funcionalidades, o valor de uso. Não lhes atribuíram outras funções e vão-se degradando. Atestam, muitas delas, marcas de uma grandeza passada, que se extinguiu. Mas as casas, principalmente, podem, devem e precisam ser reconvertidas em novas habitações. É urgente que, quem pode e manda, diligencie e equacione nesse sentido. E há tanta gente de valor, no nosso Alentejo, e fora, que é capaz de operacionalizar, deixando-se de questiúnculas que não levam a nada.

Mas é o País que temos!

(Um parêntesis, sobre este aspeto. Quem viajar pelo nosso Alentejo observa, em quase todas as Vilas e Cidades, especialmente junto das antigas linhas de caminho de ferro e respetivas estações, os célebres silos de cereais. Que novas funcionalidades poderão ter esses edificados monumentais que marcam, atestam, memórias de tempos ainda relativamente recentes, em que o “Alentejo era o Celeiro de Portugal”?!)

O fim de semana, passado na Cidade, antiga “Pax Julia”, apesar do tempo não ter ajudado, deu para passear, mironar, observar, vivenciar.

Praticamente só estivemos no sábado “Dia Internacional da Mulher”! Aí, observámos uma manif à moda antiga. Já não via também há alguns anos! (Tirei fotos e fiz vídeo. Talvez consiga editar foto.) Slogans habituais. Triviais?! “Pão… Paz…” Não falavam na Habitação! Também o pessoal que por ali ia, atrás dum rancho de bombos, tem certamente casa. E, por outro lado, na Cidade o que não faltam são casas, palácios, palacetes, igrejas e conventos… Muita, muita coisa abandonada, é certo, mas casas não faltam!

Também o que não falta, percorrendo ruas e ruelas, praças e pracetas, é pessoal da estranja! Não sei se por ser sábado, se pelo dia chuvoso, o que mais se viam eram pessoas de origem indostânica e africana, calcorreando a urbe, de um lado para o outro.

Normalmente sós ou em pequenos grupos, quase exclusivamente homens. Não sei mesmo se vimos alguma mulher! Com casa? Sem casa? Com trabalho? Sem trabalho? Legalizados? Ilegais? … Tantas questões a saber e tantas problemáticas a resolver.

Estes dois aspetos são questões a equacionar resolução:

Degradação do Centro Histórico e Problemáticas Sociais dos Imigrantes.

(Darão “pano para mangas” a futuros Autarcas.)

Crónica I

Crónica II

Crónica III

 

10
Mar25

"Amor é Cego"! Beja - Crónica I

Francisco Carita Mata

Crónicas de Beja (I) - Março 2025

20250308_161819.jpg

Autoria: Joana Santos, a Boniqueira.

"Busto Amor é Cego - 2023"

"Pasta cerâmica, tintas acrílicas e de àgua."

***

Em Beja?!

Então, mas este Artesanato não é tradicional de Estremoz?!

Sim!.

Mas esta "Boneca" - busto de "Amor é Cego" - tradicional da Cidade de Estremoz, sobre que já tenho escrito em Aquém-Tejo, está exposta na Cidade de Beja, num local de visita imprescindível, a quem passear pela Capital do Baixo Alentejo.

Precisamente no "Centro UNESCO".

R. do Sembrano 74 - Beja

(Os "Bonecos de Estremoz" estão classificados como "Património Imaterial da Humanidade".

Tal como o Cante.)

Este Centro, aparentemente muito simples, ostenta Património de grande valor.

Se puder, ainda escreverei outro postal.

E, se for a Beja, e puder, visite este Centro.

SFF!

Nessa mesma Rua, existe outro Museu extraordinário!

 

17
Fev25

O Zé Gomes morreu!

Francisco Carita Mata

O Zé Gomes morreu! Disse-me ontem, a minha Mãe.

O Zé Gomes era do meu tempo, da minha geração, embora fosse dois anos mais velho.

Coincidimos na Aldeia, na infância e na adolescência.

Na infância e adolescência, anos 60/70, morava na Rua de São Pedro, na casa que já era dos avós maternos, frente ao final da Rua Larga. O começo desta Rua é o Largo do Terreiro, onde a mãe do Zé, a senhora Guilhermina, tinha uma loja, frente à do senhor João. Duas lojas icónicas na Aldeia.

O pai do Zé era o senhor Guilherme: Guilherme e Guilhermina.

A loja era de mercearias, artigos alimentares, guloseimas, carnes de porco variadas. O senhor Guilherme tinha muita iniciativa. Lembro-me de ter moagem, transportava mercadorias diversas, iniciou a venda de frangos, venda de fruta e hortaliças a granel, de gelados: Olá / Rajá! Tinham salsicharia. Faziam os enchidos na casa da sogra. Comprava os porcos aos vários habitantes da localidade, faziam a matança e preparavam a carne para venda. Nos anos 60/70, quase todos os habitantes da Aldeia criavam o seu porquito.

O Zé Gomes tinha, assim, acesso a bens alimentares, de que não dispúnhamos com tanta facilidade. Também era mais encorpado, anafado.

A Rua Larga, desde o Largo do Terreiro até à Rua de São Pedro, era um mundo. E o Mundo! Casas habitadas, diferentes gerações: velhos, novos, crianças, miúdos e miúdas. Ricos, pobres, remediados. Gente de trabalho: homens e mulheres. Profissões do campo, pequenos agricultores, alguns profissionais por conta própria.

A meio da Rua, ao alto, morava a senhora Júlia. Era, assim a víamos, madrinha do Zé Gomes. À hora de lanche, especialmente em férias, ouvia-se a senhora Júlia, a chamar o Zé, que estaria no Largo ou na loja da mãe: Zé Gomes… Zé Gomes…

E lá ia o Zé, na Rua Larga, a caminho da casa da madrinha Júlia!

E que ia fazer a casa da madrinha?!

Em breve saía, na mão, uma valente sandocha de papo-seco, apertando uma omelete de ovo e chouriço. Saía, comendo, para o Largo, em frente à loja da mãe ou do senhor João. Anafando! Encorpando!

Fomos colegas nas aulas do Padre José Maria, no 1º ciclo. Eu no 1º ano e ele no 2º. À data,1965/67, era assim que se se designavam esses dois anos de escolaridade, não obrigatória.

O Padre Zé Maria lecionava as disciplinas correspondentes a este ciclo de estudos. Preparávamo-nos para irmos fazer exames finais no 2º ano, ao Liceu Nacional de Portalegre, onde estávamos matriculados como alunos externos. Era um modo de ensino particular, privado. Pagávamos, obviamente. Mas ficava mais barato do que se fossemos estudar para Liceu ou Escola, tendo de ficar a residir na Cidade, pagando alojamento e alimentação. Foi um modelo de ensino que funcionou, de que eu tenha conhecimento, pelo menos nos distritos de Portalegre e Castelo Branco, ligado à Diocese. Este modelo valeu a dezenas, centenas de jovens, permitiu-lhes acesso a educação formal escolar, que de outro modo não teriam. E muito bem preparados!

Também havia a preocupação de nos proporcionar preparação global, para além das disciplinas sujeitas a exame. Tínhamos também aulas de Educação Física. Os jogos eram fundamentais e, nestes, os jogos tradicionais. Praticávamos no adro, em volta da Igreja.

Um dos jogos praticados era o “Jogo do eixo”. Também lhe chamávamos “jogo da anteira”.

Numa das vezes que jogámos, o colega Zé Gomes, que ia à minha frente, em vez de se baixar, para eu saltar, levantou-se. É claro que eu estatelei-me no chão, à frente dele. Bati e parti a testa na terra dura. Desmaiei! Nunca mais joguei ao eixo.

Também nunca cheguei a perceber porque é que ele se levantou.

Nunca me lembro de lhe ter perguntado! Também já não vou perguntar!

Que a Alma do José descanse em Paz! RIP!

***   ***   ***

Também era Benfiquista! Mas ferrenho! (Não sou!)

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D