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Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

17
Fev25

O Zé Gomes morreu!

Francisco Carita Mata

O Zé Gomes morreu! Disse-me ontem, a minha Mãe.

O Zé Gomes era do meu tempo, da minha geração, embora fosse dois anos mais velho.

Coincidimos na Aldeia, na infância e na adolescência.

Na infância e adolescência, anos 60/70, morava na Rua de São Pedro, na casa que já era dos avós maternos, frente ao final da Rua Larga. O começo desta Rua é o Largo do Terreiro, onde a mãe do Zé, a senhora Guilhermina, tinha uma loja, frente à do senhor João. Duas lojas icónicas na Aldeia.

O pai do Zé era o senhor Guilherme: Guilherme e Guilhermina.

A loja era de mercearias, artigos alimentares, guloseimas, carnes de porco variadas. O senhor Guilherme tinha muita iniciativa. Lembro-me de ter moagem, transportava mercadorias diversas, iniciou a venda de frangos, venda de fruta e hortaliças a granel, de gelados: Olá / Rajá! Tinham salsicharia. Faziam os enchidos na casa da sogra. Comprava os porcos aos vários habitantes da localidade, faziam a matança e preparavam a carne para venda. Nos anos 60/70, quase todos os habitantes da Aldeia criavam o seu porquito.

O Zé Gomes tinha, assim, acesso a bens alimentares, de que não dispúnhamos com tanta facilidade. Também era mais encorpado, anafado.

A Rua Larga, desde o Largo do Terreiro até à Rua de São Pedro, era um mundo. E o Mundo! Casas habitadas, diferentes gerações: velhos, novos, crianças, miúdos e miúdas. Ricos, pobres, remediados. Gente de trabalho: homens e mulheres. Profissões do campo, pequenos agricultores, alguns profissionais por conta própria.

A meio da Rua, ao alto, morava a senhora Júlia. Era, assim a víamos, madrinha do Zé Gomes. À hora de lanche, especialmente em férias, ouvia-se a senhora Júlia, a chamar o Zé, que estaria no Largo ou na loja da mãe: Zé Gomes… Zé Gomes…

E lá ia o Zé, na Rua Larga, a caminho da casa da madrinha Júlia!

E que ia fazer a casa da madrinha?!

Em breve saía, na mão, uma valente sandocha de papo-seco, apertando uma omelete de ovo e chouriço. Saía, comendo, para o Largo, em frente à loja da mãe ou do senhor João. Anafando! Encorpando!

Fomos colegas nas aulas do Padre José Maria, no 1º ciclo. Eu no 1º ano e ele no 2º. À data,1965/67, era assim que se se designavam esses dois anos de escolaridade, não obrigatória.

O Padre Zé Maria lecionava as disciplinas correspondentes a este ciclo de estudos. Preparávamo-nos para irmos fazer exames finais no 2º ano, ao Liceu Nacional de Portalegre, onde estávamos matriculados como alunos externos. Era um modo de ensino particular, privado. Pagávamos, obviamente. Mas ficava mais barato do que se fossemos estudar para Liceu ou Escola, tendo de ficar a residir na Cidade, pagando alojamento e alimentação. Foi um modelo de ensino que funcionou, de que eu tenha conhecimento, pelo menos nos distritos de Portalegre e Castelo Branco, ligado à Diocese. Este modelo valeu a dezenas, centenas de jovens, permitiu-lhes acesso a educação formal escolar, que de outro modo não teriam. E muito bem preparados!

Também havia a preocupação de nos proporcionar preparação global, para além das disciplinas sujeitas a exame. Tínhamos também aulas de Educação Física. Os jogos eram fundamentais e, nestes, os jogos tradicionais. Praticávamos no adro, em volta da Igreja.

Um dos jogos praticados era o “Jogo do eixo”. Também lhe chamávamos “jogo da anteira”.

Numa das vezes que jogámos, o colega Zé Gomes, que ia à minha frente, em vez de se baixar, para eu saltar, levantou-se. É claro que eu estatelei-me no chão, à frente dele. Bati e parti a testa na terra dura. Desmaiei! Nunca mais joguei ao eixo.

Também nunca cheguei a perceber porque é que ele se levantou.

Nunca me lembro de lhe ter perguntado! Também já não vou perguntar!

Que a Alma do José descanse em Paz! RIP!

***   ***   ***

Também era Benfiquista! Mas ferrenho! (Não sou!)

 

02
Nov24

Santinhos – Alminhas - “Unha de Boi”!

Francisco Carita Mata

Ontem, foi o “Dia dos Santinhos”!

Na tarde desse dia, na minha infância e adolescência – anos sessenta - ainda era costume irmos às Alminhas, festejar os Santinhos. Levava-se uma pequena “merenda” - uma broa, uma romã - para se comer lá, naquele espaço e por lá se andava na brincadeira – até vir a “Unha de Boi”!

Num ano, certamente já na segunda metade da década de sessenta, lembro-me de terem feito uma espécie, ou tentativa, de teatro. O “ensaiador – encenador” foi um jovem, um pouco mais velho que eu, que já cá não está. O José Xavier, mais conhecido, na altura, por “Zé Catarro”. Que esteja em Paz!

Ontem, também falei com a minha Mãe sobre como era a ida às Alminhas, para festejar os Santinhos, no tempo dela. Neste caso, referir-me-ei a finais de anos trinta, início de anos quarenta.

Levavam merenda. Numa bolsa, uma broa milha, ou bolo d’orelha (bolo finto), umas passas (de figo), uma romã. Merendavam. As jovens mais velhas faziam balhos.

(Aí cantariam as cantigas, as modas que sabiam. As de “Altemira…”, certamente… Mas isto acrescento e infiro eu. Sim! Porque como quer o/a Caro/a Leitor/a que a rapaziada cantasse e dançasse, se finais de trinta, inícios de quarenta, ainda não havia rádio portátil?! Improvisavam, cantavam à capela, à desgarrada… ao desafio.)

Até que alguém mais velho, se lembrava de gritar:

“Vem aí a Unha de Boi! Vem aí Unha de Boi!...”

E, os/as mais pequenos/as, que ainda acreditavam nisso, tratavam de fugir pela Estrada Nova a caminho da Aldeia. (Replicariam, quase século e meio depois, a correria das tropas, que por ali andaram, no célebre “Combate de Flor da Rosa”, que ocorreu às portas de Aldeia da Mata, no dia 4 de Junho de 1801!)

(Também me contou um episódio, a propósito da “Unha de Boi”, ocorrido com o Francisco Belo, filho de Prima Teresa “Boanova”, também protagonista do livro “De altemira…”

Era ele miúdo. Pela respetiva idade, teria ocorrido aí por 2ª metade da década de cinquenta! Um dia, avistou a chegar a casa, ao sol-posto, o “Ti Toles” – marido de “Ti Vitória” - que ele, pelos vistos não conheceria. Este senhor era pastor numas herdades distantes. Só vinha a casa, de vez em quando, pois não podia deixar o gado sozinho. Era a sina dos pastores daquele tempo, em que os rebanhos andavam em regime extensivo nas grandes herdades.

Ao avistá-lo, enfarpelado como andavam as pessoas naquelas épocas, vivendo semanas a fio no campo, gritou, assustado e chamando Mãe Teresa:

Ó mãe, ó mãe, … venha cá ver, que vem além a “Unha de Boi”!

***

E, por hoje, termino estas minhas narrativas sobre os “Santinhos”, as “Alminhas” e a “Unha de Boi”!

Esta “Unha de Boi” era assim uma espécie de “Bicho Papão”, de “Coca / Cuca", com que as mães arreliavam - atemorizando - os filhos, para eles não se ausentarem para muito longe!

Olha que vem aí a “Unha de Boi”!!

 

24
Out24

Homenagem – Tributo a Marco Paulo

Francisco Carita Mata

Hoje, logo pela manhã, deu-me para isto...

Quando falei telefonicamente com a minha Mãe, como diariamente o faço, várias vezes, foi ela que me deu a notícia.

Que o Marco Paulo havia falecido.

Não vou dizer que era um dos meus cantores preferidos, porque não era. Lembro-me dele, desde os festivais da canção, ainda nos anos sessenta/setenta. Naquelas competições renhidas daquela época – quando o festival era o Festival(!) - não torcia por ele ou pelas suas canções.

Nunca foi um cantor ou intérprete dos meus preferidos. Porque não era! Cada pessoa gosta do que gosta e, mentiria se dissesse que era cantor que gostava de ouvir. Que apreciava. Nem quando passava o microfone de uma mão para outra.

Obviamente que também o ouvia, ouvia-se em todo o lado, mesmo na rua – os grandes êxitos – na rádio também, embora preferisse mudar de posto. Na(s) TV(s)…

Mas quero prestar-lhe o meu tributo!

Pela sua capacidade de resistência – resiliência contra todas as adversidades – enquanto Cantor, Intérprete, Artista. Pela sua Voz, que era realmente bonita! (Podendo eu apreciar ou não as suas canções!)

Por se ter sabido impor enquanto Profissional, apesar de todos os detratores. Manter a sua Individualidade, Personalidade própria, o seu Eu!

Alegrou milhões de corações de Portugueses, por cá e por esse Mundo da nossa Diáspora.

O nosso preito de Homenagem.

Espalhou Amor e Luz!

Também pelos seus anos de vida sujeito a vários cancros. Que enfrentou, resistiu, lutou, procurou superar, deu exemplo de abnegação, coragem, resistência, altruísmo, força de vontade. Chegou o seu Dia. Todos teremos o nosso...

Por tudo, merece a nossa consideração e respeito.

Paz à sua Alma.

Descanse em Paz!

(Hoje, deu-me para isto…)

Tenha um bom dia e uma boa tarde, com muita saúde,

Caro/a Leitor/a.

 

01
Out24

Momentos de Poesia: 28/Set./2024

Francisco Carita Mata

Hotel José Régio – Portalegre

Conforme tinha planeado, fui a “Momentos de Poesia”. Vale sempre a pena ir aos eventos poéticos.

Inesperadamente, mal se iniciava a sessão, ocorreu uma situação que nos deixou a todos chocados. Uma senhora, já com alguma idade, ao entrar na sala, não sei bem como, caiu! Prontamente, organizou-se ajuda. Uma amiga telefonou para os bombeiros, o professor João Banheiro acalmou a senhora caída, providenciando e aconselhando que ela não se mexesse, nem se levantasse. Deu-me um telefone e liguei para a filha, que prontamente compareceu, ainda antes dos bombeiros.

Estes, com todos os cuidados e requisitos, aconchegaram a velhota, que gemia e chorava, quando se mexia. Devidamente protegida, resguardada, levaram-na para o hospital.

Depreendia-se que teria partido, certamente a perna, de que se queixava. Viemos a verificar ser esse o facto. Temos mantido contacto com a filha, que diz que ela deverá ser operada.

Situações destas acontecem nestas idades, com alguma frequência, nos mais diversos contextos e lugares. A maioria, na própria casa ou nos lares, onde se encontram pessoas de mais idade.

Ficámos todos afetados pela situação. (Eu alterei o que pensava dizer de poesia.)

Como referi, estes “Momentos de Poesia” são sempre cativantes. Há poesia. Há música. Há canções! Há convívio. Há boa disposição.

Há Poesia original de quem a diz. Há Poesia de autores consagrados.

Desta vez, a música e as canções foram privilégio do Professor João Banheiro e do “Grupo Coral de Momentos de Poesia”.

O Amigo João Banheiro, qual “Rouxinol da Ilha do Pessegueiro” cantou, acompanhou à viola e encantou com “Porto Covo”; com uma canção sobre Portalegre, de que ainda não sabe quem foi o Autor! Também “se fores ao Alentejo” – isto é para o pessoal de fora – e lembra-me o Paco Bandeira. (Será impressão minha?!)

O Grupo Coral, que o Professor ensaia nas horas vagas, também cantou o Hino de “Momentos”, acompanhado pelo Mestre. Faltaram algumas coralistas, mas foi apresentada uma jovem, de nome Micaela, como novo elemento. Parabéns a todas, especialmente à jovem, que deles – jovens - será o futuro.

Abriram a Poesia, pessoas do Grupo, que nos trouxeram clássicos e mestres consagrados desta Arte. Cada “Dizedor / Declamador” com direito a dois poemas.

Luísa disse poema de Ary, sobre a infância e de Ricardo Reis. Madalena disse de João Roiz de Castelo Branco e de Almeida Garrett (?) “senhora partem tão tristes” e “pescador da barca bela”.

Uma senhora, a quem não tive tempo de perguntar nome - o meu pedido de desculpas – disse um poema original e outro de José Régio: “não vou por aí”.

Um jovem de Arronches, Gonçalo Mota, disse poemas de sua autoria, a partir de livro que publicou.

Deolinda Milhano disse “porquê andorinha” e “mãos que Deus me deu”, também a partir de livro seu.

Silvina Candeias também disse, de sua autoria, “primavera” e poema dedicado à neta.

Eu também disse. Um poema de José Branquinho, homenageando-o, “farol na escuridão”. E um poema meu: “triunfará o amor”.

E o “Grupo Coral” executou uma performance poética subordinada ao tema Cor, representando através de lenços de diversas cores, associando palavras / pensamentos a condizer.

Esta “teatralização poética” não terminou a sessão, mas poderia ter encerrado, com “chave de ouro”, como se costuma dizer.

Esta narração é enviesada, como todas as minhas crónicas. Incompleta, limitada. Não segue a cronologia dos acontecimentos. O meu pedido de desculpas a todos os intervenientes. O que esteja incorreto, incompleto, errado, se algum dos participantes não concordar- e tiver a lembrança de ler este texto - deixe ficar um comentário, que eu registarei, conforme for conveniente.

Obrigado a todos os participantes, assistentes, organizadores, ao hotel José Régio.

Obrigado, também a si, Caro/a Leitor/a, por me ler até aqui. Votos de saúde e de paz!

 

 

17
Mai24

Marinete e os filhotes – Gatos dos Quintais (XXIV)

Francisco Carita Mata

Sobre os gatinhos que menina Marinete nos apresentou no dia catorze de Maio, 3ª feira passada…

Nesse dia, ao final da tarde, quando fui dar de comer a Marinete, Du-Dú e Gil, gatos sempre patentes no “Quintal de Baixo”, fui surpreendido pelos gatinhos das fotos.  Contei três.

Um que se destacou, conforme foto seguinte.

20240514_202213 (1).jpg

Mais tarde descobri-os, escondidos, na base da parede norte do cabanal, bem fundidos entre a pedra.

Um deles, espreitando, conforme a foto documenta.

20240514_203624.jpg

Antes de mais, frisar que, a partir de agora, Marinete, menina - agora mamã - gostará que a tratemos por Dona: Dona Marinete!

Os gatinhos deduzo, terão nascido ainda em Abril. Terão cerca de um mês.

Nascidos, e caso consigam ser criados, são a 4ª geração que frequenta os quintais.

Marinete e o irmão Du-Dú constituem a 3ª geração.

São filhos de Dona Mi-Dú, atualmente muito esquiva no quintal, aparecendo quase sempre nos finais dos repastos, pouco comendo. Esta é irmã de Gil, sempre o mais presente, embora muito diferente, desde que ficou preso em armadilha, em Outubro de 2023, tendo perdido a perna traseira esquerda.

Estes, Gil e Mi-Dú fazem parte de uma ninhada de quatro, surgida no início de 2022. Vistos, pela primeira vez, no início da Azinhaga da Fonte das Pulhas.

Os outros dois dessa ninhada foram Bart – “Bartolomeu Dias” e Ricardina – a heroína, que despareceram no ano passado, 2023.

Constituíram a 2ª geração. Partindo do pressuposto que a respetiva mãe foi a 1ª geração. Esta gata só frequentou o quintal no início de 2022, quando trouxe os quatro filhos, já crescidotes.

Estes, face ao alimento que lhes fomos dando, amesendaram-se.

Atualmente, e de forma constante, apenas ficou o Gil.

O conhecimento dos bichos apenas se foi concretizando em 2023. À medida que os fui identificando. Sabendo quem era macho ou fêmea, distinguindo-os e nomeando-os.

Agora, veremos o que irá suceder a estes três elementos novos.

(Que eles pouco se deixam ver. Na 4ª feira não os vi. E ontem, 5ª feira, apenas vislumbrei um, que depressa se escapuliu, não sei para onde!)

Cronicamos sobre os gatos, para não falarmos de coisas tristes. E talvez, escrevendo sobre gatos, também perpasse um pouco sobre pessoas.

Acha que os animais também têm, digamos, “personalidade”, melhor, identidade própria?!

 

15
Nov23

“Gatos dos meus Quintais XXI”

Francisco Carita Mata

Riscadinho e Du - Dú. Original. Nov.23

Crónica… sobre ausências!

Ontem, consegui ainda publicar dois postais, um em cada blogue, mesmo ao final do dia. Já bem de noite!

O que publiquei em “Apeadeiro da Mata” foi sobre os “Gatos dos meus Quintais – XX”!

Na foto inicial, não muito boa em termos técnicos, mas por demais sugestiva como documento, surgem Gil e os dois sobrinhos: Riscadinho, a quem Gil “cumprimenta” com afeto e um pouco mais distante – Du-Dú, observando.

E porque é documentalmente importante esta foto?! (...)

Na semana passada, estivemos ausentes das lides campestres, das vivências aldeãs. (Em incursões (sub)urbanas.)

Regressámos Domingo e indo aos quintais, ao findar do dia, estranhámos a ausência da gataria. Apenas apareceu “Dona Maria Eduarda” – Mi-Dú!

Que seria feito dos filhotes, Du-Dú e Riscadinho, agora já jovens adultos?! E do Gil?! Como se terá desenrascado?! Será que continua vivo? Ter-se-ão ausentado procurando outros locais de amesendação?!

Pelo sim pelo não, deixei a gamela da comida bem recheada. Na segunda-feira veria…

E, na 2ª feira, a gamela estava vazia! Mas nada garantia que fossem os gatos “amigos” que tivessem comido o manjar. Há por aí muitos mais, vadios! E só quem apareceu novamente foi Dona Mi-Dú!

Fui para o campo - Quintal, Chão e Vale - em habituais atividades campesinas. Até sol-posto.

Vale de Baixo. Original. 14.11.23.

E, se lhe disser que estranhei. Estranhei bastante a ausência dos bichanos, acompanhando-me nos campos. Questionava-me sobre o que lhes poderia ter acontecido! Que é dos manos?! E Gil, terá sobrevivido?!

No final do dia, já para regressar a casa, no “Quintal de Cima”, surge Riscadinho. Meio esquivo, como habitualmente, mas cirandava perto, corria, procurava paparoca. Bom sinal!

Perguntei-lhe pelo mano, Du-Dú, pelo tio, Gil. Miou, miou muito, mas não entendi o que disse. (Sou um pouco surdo!) Deixei novamente comida.

Ontem, 3ª feira, quando após o almoço fui para o quintal, para continuar as tarefas, aparece também Du-Dú! Foi um feliz reencontro de parte a parte. Este irmão é mais afoito que Riscadinho.

E, brincando os dois, foram-me acompanhando até ao Chão, até ao Vale e por ali andaram comigo, enquanto fui trabalhando. Exploraram o ambiente. Caçaram…

Riscadinho e Du - Dú. Original. Nov.23

Ao findar as tarefas, no retorno, lá voltaram eles também ao quintal. Comeram, que novamente lhes dei da ração especial. Descansaram, velaram, em cima do murete da antiga pocilga, enquanto eu fazia outras tarefas. (Foto inicial.)

O findar do dia, aproximando-se o ocaso, perspetivava lindas fotos.

Pôr do sol. Foto original. Nov.23.

O Sol já se esconde muito mais a Sul. Não proporcionando vistas tão interessantes no Chão da Atafona, fui tirar fotos ao adro da Igreja Matriz.

E, não é que, já depois das dezassete e trinta, ao abrir o portão do Quintal, me deparo com o Gil?!

Gil e sobrinhos. Original. 14. Nov. 23

Eu e os sobrinhos! Pois que a reação dos animais denotava que já não se veriam há algum tempo!

Por onde terão andado nestes dias de ausência?!

E, é possível animais e pessoas sentirem as respetivas ausências?!

 

15
Out23

Um postal que não gostaria de escrever… (Gatos do Quintal - XVIII)

Francisco Carita Mata

Mas que vai ter de ser escrito!

Gil. original 04.03. 23

Gatos do Quintal XVIII – Crónica de tristeza e desalento!

Gil. original 14.03. 23

Não gostaria de escrever, porque encerra duas notícias desagradáveis.

Gil. Original. 07.05.23.

O gato Gil, um dos protagonistas que deambularam por estas crónicas sobre “Gatos do Quintal” anda desaparecido há oito dias! O que, dado o historial dos irmãos – Ricardina, em Julho e Bart, em Abril – não mais aparecerá.

E, não aparecerá, porquê?! Presume-se, deduz-se que terá morrido!

Mas de “morte natural”?! Duvido completamente. O mais certo é ter sido morto.

Propositadamente?! Provavelmente não! Alguma armadilha colocada nos campos, para “apanhar” outros bichos. E, os gatos… exploradores e curiosos como são, nelas terão caído.

Isto é o que eu imagino. Que não sei nada sobre o assunto. Não vi. Não sei! Mas que as há, há!

Mas este é já o terceiro gato que desaparece! Dos quatro irmãos, apenas resta Mi-Dú e os dois filhos: Du-Dú e Riscadinho, sobrinhos duplamente de Gil!.

E esta é necessariamente a segunda notícia desagradável: Quem terá armadilhado?!

(Não vou escalpelizar mais o assunto. Ponto final.)

Gil e sobrinhos comendo. original. 28.09.23.

Mas que sentimos a falta de Gil, lá isso sentimos! A desenvoltura, a sofreguidão na comida, o afago e simpatia que demonstrava sempre, apesar de lhe chamar “chato”, a companhia que fazia, uma presença tutelar, de guarda, enquanto eu cirandava no Chão ou no Vale. A correria, a subida às árvores a mostrar as habilidades, o instinto caçador, catando, espreitando, atento ao menor ruído e movimento. Lá que caçava pássaros, lá isso apanhava; talvez até os ninhos, é provável; também as lagartixas, nunca mais se viram! Mas também ratos, nunca mais houve nos quintais, nem no palheiro. Cobras também, mas pequenas. Que caçadora de cobras como nenhum, era Ricardina – heroína!

Mi-Dú sempre foi mais recatada. É mais maternal. Julgo que andará novamente de bebé! É para povoar o espaço. Que, agora, só ela e os filhotes.

Gil, Mi-Dú, Du-Dú, Riscadinho. Original. 28.09.23.

Destes, Du-Dú tenta imitar o tio Gil, mas ainda não consegue. Esperemos que se afoite mais e me acompanhe nas passeatas. Também ainda não é adulto. Estará nos cinco meses.

Gil e Du - Dú.  28.09.23.

Mas que sentimos a falta de Gil, lá isso sentimos!

Gato GIL. Foto original. 24.09.23.

É uma sensação de perda, de algo que falta, situação que eu julgaria completamente improvável, há dois anos (2021)! Mas a Vida é uma constante aprendizagem e nada é a preto e branco. Tudo muda e há imensas cambiantes na realidade em que vivemos e que nos cerca.

Neste Mundo atroz, em que as guerras, a destruição, imperam, às mãos dos homens entre si. Que importância tem um gato ser morto, provavelmente numa armadilha?! Mesmo que tenha nome de explorador: Gil (Eanes)!!!

Termino esta crónica desalentada sobre gatos. Para não falar da desumanidade dos seres humanos. Que se matam estupidamente e que destroem tudo o que constroem em guerras atrozes, em que milhares de inocentes morrem, são sacrificados… em nome de quê??!!

*******

Fotos Originais, de minha autoria, para o bem e para o mal! Todas de 2023.

4 Março: Gil, descansando no Caminho.

14 Março: Gil, vigilante, desperto por algum ruído.

07 Maio: Gil, seguindo-me, apanhando-me na passeata.

28 de Setembro: Gil e sobrinhos.

28 Setembro: Gil, a irmã e os filhos desta, seus sobrinhos.

28 Setembro: Gil e sobrinho Du-Dú.

24 Setembro: Gil, deitado, numa postura que lhe era muito peculiar, esfregando-se na areia.

 

 

30
Ago23

Mi-Dú e Du-Dú ou Dudete?!

Francisco Carita Mata

Gatos do Quintal (XVII)

Gatos no telheiro. Foto original. 29.08.23.

(Mi-Dú e Du-Dú, mãe e filho, no telheiro abandonado, do antigo galinheiro. Após terem lanchado comida destinada a quatro, mas que eles comeram apenas os dois. Que Gil andaria em explorações pelos campos e Riscadinho é muito tímido.)

Estes gato(s) e gata(s) que têm deambulado pelos quintais, nestes quase dois anos, são gatos silvestres. Os nomes que titulam o postal são enganadores, nesse aspeto. Não se pense que são gatos de alta escola, de pedigree, aconchegados em lindos palacetes. São gatos de campo, nascidos algures em quintal abandonado, quintais que percorrem, afugentando ratos, caçando também, certamente. E cobras! Nunca tinha visto! Que o dissesse Ricardina, heroína - matadora / lutadora / caçadora de cobra - entretanto desaparecida - Ricardina - já lá vai um mês, em parte incerta.

Mas este deambular de escrita é apenas para lhe apresentar mais duas fotos "instagramáveis" - de 29/08/23 - de Dona Maria Eduarda, conhecida nos meios sociais, por Mi - Dú e seu filho, ou filha (?), Du - Dú, não sabemos se Dudete! 

(Já mostrou o cartão de identidade, mas ainda não consegui perceber, se rapaz, se rapariga.)

Gatos no quintal. Foto original. 29.08.23.

( Mãe e filho/a, novamente. Na parede da antiga pocilga, há muito desativada.)

Assim concluo mais uma crónica sobre gatos dos meus quintais, após mais uma ausência demasiado prolongada dos blogues.

Saúde, Paz e que diminua o calor, que me mata as árvores, que não páro de regar.

 

16
Abr23

Crónica sobre Gatos do meu Quintal (X)

Francisco Carita Mata

Nunca mais soube nada de Bart nem de Mi-Dú!

No último postal, em “Aquém-Tejo”, abordei tema muito do meu agrado. Neste, do “Apeadeiro”, a parte inicial desagrada-me. Nunca mais soube nada dos manos referidos, mano e mana. Já perguntei a vizinhos, mas também não os viram. Que terá sido feito deles?!

Em contrapartida, Gil e Ricardina lá andam pelo “Quintal de Baixo”. Andam, cirandam, amesendam-se, que há muita e variada comida. Gil é muito mais afoito. Acompanha-me no Chão da Atafona, vai comigo para o Vale de Baixo, segue-me pela Azinhaga da Fonte das Pulhas, vai até ao Rescão e, se me disponho, segue-me, acompanha-me, quase nele tropeço, até ao Porcozunho.

O aposento deles, hotel, motel, maternidade, continua sendo o quintal abandonado de “Ti Zé Fadista”, pegado ao “Quintal de Cima”. Onde primeiramente eles se ambientaram e interagiram connosco. Mas fui-os “educando” para não frequentarem esse quintal e estabeleceram-se no “Quintal de Baixo”. No de “Cima”, tenho canteiros, flores frágeis. Não convinha nada que por aí cirandassem.

É do quintal abandonado que partem, de manhã, quando me dirijo ao “Quintal de Baixo”, com alguma comida.

Mal chegam, espojam-se, esfregam as costas na terra, viram-se de barriga para cima, numa atitude de disponibilidade, de simpatia, de entrega, entendo eu, porque, ao agirem desse modo, colocam-se numa situação de completo à vontade, sem defesas, confiantes na reciprocidade de afeto, porque ficam, obviamente, numa posição totalmente vulnerável. Ao longo do dia, e se eu continuar pelo quintal, repetem estes gestos várias vezes, sinais de completa confiança com a minha pessoa. Digo eu, que não percebo nada de gatos, estou observando e tentando entender estas atitudes dos animais. Ainda não chegámos à situação de festas, que não sou nada afoito, nem tenho muita confiança… Alguma arranhadela! Mas Gil, enrosca-se-me nas pernas com a cauda, que receio pisá-lo.

Voltando ao “Quintal de Cima”. Tenho andado por lá, a regar, arrancando ervas, tratando das plantas, que semeei e abacelei. Passo aí várias horas, pelas tardes. No ano passado, enquanto aí andava, eles eram minha companhia. Nos muros, nos telhados do cabanal do Ti Zé, em correria pelos talhões das plantas e arbustos. Isto, antes dos ensinamentos do “processo educativo”. Agora, nestas minhas permanências de atividades de jardinagem, pura e simplesmente não aparecem. Ausentaram-se. Aprenderam certamente, pelo menos, eu quero crer que é assim.

Mas, na semana passada, numa das tardes que por lá estive várias horas, ao terminar as atividades, já sol-posto, onde venho encontrar Gil e Ricardina?!

Pois, no exterior, no cruzamento das azinhagas, lá estavam os manos! Esperando-me?! Velando-me, à distância?! Não sei! Mas quero crer que sim!

P.S. – Se em 2020, me dissessem que eu andaria a tratar de gatos, a interessar-me por estes animais tão peculiares, eu talvez dissesse: “Tal há-de ser a parvoeira!” Mas a Vida é assim!

Quanto às sementeiras e abacelamentos do Outono passado, informo que várias azinheiras, carvalhos, sobreiros, espargos, gilbardeiras, roseiras, estão germinadas e rebentadas. Das do ano passado também várias plantas estão consistentes. Agora, e no futuro, há que manter o que vingou. E, regar. Regar, que o tempo está péssimo. Que este calor, ainda que o pessoal deste meu querido País ache que é só praia, sol e maravilhas, para quem trabalha e vive dos campos, este Abril, com calor de Junho, é muito mau. E, diz-se que “Em Abril, águas mil!”

Saúde, Paz e que venha chuva!

 

01
Mar23

Os Gatos do meu Quintal (VIII)

Francisco Carita Mata

Gil na Fonte. Foto Original. 25.02.23.

Estórias de gatos… e fotos.

Gil e Bart no Porcozunho. Foto original. 26.02.23.

Os gatos também nos oferecem prendas??!

Quando ando pelo Chão da Atafona, os dois manos, como habitualmente, circulam por ali numa ciranda. Deitam-se, rebolam, põem-se a olhar-me, descansam no telheiro da antiga pocilga, sobem às oliveiras. Em suma, fazem-me companhia e a modos que têm consciência desse papel, que não desandam enquanto eu por ali ando a fazer qualquer coisa de maior ou menor préstimo.

Na tarde de onze de Fevereiro, a dado momento, observo um deles, depois os dois, deitados, esticados, olhando fixamente para determinada localização rente ao solo, na posição típica dos felinos, à espreita de uma qualquer presa. Que eu ignorava o quê, o quer que fosse.

Não me aproximei, não quis espantá-los. Fui-me embora, que dera por findas as minhas lides no campo.

Espantado fiquei eu, quando no dia seguinte, doze de Fevereiro, ao chegar ao local da respetiva amesendação, vejo um pequeno animal, o que a foto mostra. Uma toupeira!

Toupeira. Foto original. 12.02.23.

Fora o resultado da respetiva caçada de final de tarde no dia anterior. Caçaram duas, que, mais tarde, descobri outra.

Porquê caçar, não comer e deixar no local de restauração habitual?!

(Alguém mais entendido nestas coisas de gatos, do que eu, me disse que os animais é como se nos “oferecessem” essa “prenda”. Será?!?!)

Coisas de gatos. Estórias de gatos! E uma gata.
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Das fotos, apenas a terceira diz respeito à estória.

A 1ª foto, de 25/02/23, é o Gil. No muro da “Horta do Miguel”, junto à “Fonte das Pulhas” e à “Ribeira do Porcozunho”. Também se observam os “painéis solares”. E o Gil está naquela posição exploratória, tão peculiar de felino.

A 2ª foto documenta os dois manos, Gil e Bart, a 26/02/23, nos terrenos fronteiros à Ribeira do Porcozunho e Fonte das Pulhas.

A 3ª foto é da toupeira!

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Mano e mana. Foto original. 04.02.23.

A 4ª e 5ª foto são de 4 de Fevereiro. Numa tarde em que a mana Ricardina também se aventurou numa surtida exploratória, mas apenas até às paredes do “Vale”.

Mana Ricardina. Foto original. 04.02.23.

Na 6ª, o mano e a mana petiscando, após a caminhada.

Mano e mana comendo. Foto original. 04.02.23.

E a 7ª estão os quatro manos amesendando-se, a 14 de Fevereiro. O quarto – mano ou mana (?) - nunca mais vi. “Dia de Namorados”… Terá arranjado companhia?! 

Quatro manos. Foto original. 14.02.23.

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(Quero frisar que este “conhecimento” identitário dos bichos e respetivo “batismo” é relativamente recente. Terá sido aí pelo findar do Carnaval, início da Quaresma - dias 20 / 21 /22 de Fevereiro, que comecei a identificá-los melhor. Embora, por vezes, ainda tenha alguma dificuldade em distingui-los.)

 

 

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