Ainda a Horta do Carrasqueiro - Aldeia da Mata
Um Capítulo IX, a partir de J. P. Dias, que as conversas são como as cerejas…
Sim, porque estamos no tempo delas. E também vou falar de outras frutas...Dióspiros, outros frutos e outros assuntos colaterais.
Carrasqueiro, vem de carrascos, azinheiras, Carrasqueiro, local onde existiriam estas árvores, provavelmente em abundância, no local onde foi criada a Horta, num pequeno vale harmonioso, de encostas muito suaves, virado a sudoeste, no início do leito do Ribeiro de Pucarinhos.
As árvores de fruto dominantes eram as laranjeiras, produzindo regalo de fruto, a tão apetecível laranja, de excelentes e diversificadas qualidades e de durabilidade relativamente prolongada.
Mas havia outras árvores. Não que tenha conhecido presencialmente, não me recordo se na infância ou adolescência terei visitado a Horta. Não tenho memória dessa eventualidade.
Tenho recordação muito agradável de dióspiros que a minha Avó Materna, Conceição, me trazia dessa Horta, quando certamente aí trabalharia, ainda nos finais dos anos cinquenta do séc. XX. Esta minha Avó faleceu de forma trágica na sequência de um incêndio, em casa da minha Madrinha Isabel, em 1959.
Ficou-me a gratificante recordação desse delicioso mimo que ela me trazia da Horta mencionada: dióspiros. Perpetuei essa suave lembrança e agradecimento no poema: “O Voo da Vida”! (Já publicado em Antologia do CNAP e também no blogue Aquém- Tejo.)
E voltando ou continuando na Horta, a Mãe lembra-se de caseiros / hortelãos que nela trabalharam, a partir dos anos quarenta, era ela cachopa. O Ti Carrilho, o Ti Albano, o Ti Gregório. (Anteriormente a esta data, não conheceu.)
Também me lembro, indiretamente, do Ti Gregório lá trabalhar na 2ª metade dos anos sessenta. Indiretamente, porque através da esposa, a Srª Primitiva que de lá nos trazia laranjas. Esta Srª, apesar de parecer muito ríspida, para mim, sempre foi uma simpatia. Também de mim mereceu uma quadra inspiradora, quando faleceu: “Quando morre alguém amigo…”
E de uma das funcionalidades dessa Horta e dos terrenos circundantes, nomeadamente o Tapadão, não posso deixar de mencionar a eira, para onde era transportado o milho produzido nas searas, e onde era descamisado. Situada numa pedra granítica, alta e extensa, a nordeste da Casa, mas perto e fora da Horta. A enorme pedra, conforme a foto documenta, foi adaptada à função de eira, através de muretes de granito, para que as maçarocas não escorregassem pedra abaixo.
(Atente também no nome dos terrenos situados a Leste e Sul da Horta: Tapadão! Isto é, terreno murado, “tapado”, mas extenso. Mais que uma “Tapada”: um “Tapadão”!)
E deixamos a Horta, porque entrámos no Tapadão, aonde iremos visitar a Anta.
Será em próximo capítulo!