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Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

17
Mai23

“Gentes da Gente” em romaria no Chamiço!

Francisco Carita Mata

De  “Martle Santo” a Santo Isidro?!

Santo Isidro. Maio 23.

Em Aquém-Tejo, apresentei postal referindo que o próximo programa “Gentes da Gente”, da Rádio Portalegre, sábado 20 de Maio, será sobre o Chamiço.

Será também dia de caminhada de Monte da Pedra ao antigo povoado de “Monte Chamisso”!

(Tenho publicado diversos postais em Aquém-Tejo e neste Apeadeiro, sobre esta antiga freguesia do concelho do Crato. Ademais na sequência de visita realizada a 2 de Fevereiro, com o amigo Casimiro e tendo por cicerone o Sr. Aníbal Rosa.)

No próximo “Gentes da Gente”, o Sr. César Azeitona debruçar-se-á sobre este antigo povoado. (Certamente contextualizando-se no presente e na romaria, estabelecendo elo entre um passado distante e adormecido na memória coletiva das povoações próximas e a atualidade, através das nossas vivências modernas, com recurso aos novos meios comunicacionais: rádio, internet, ….)

Para além da visita efetuada em 02/02/23, estive numa romaria, há mais de cinquenta anos, em meados dos anos sessenta, era eu miúdo. Lembro-me de ter estado na ermida, mas não me recordo de detalhes da mesma. Também não me recordo de ter ido à ribeira, à ponte, ao moinho, que ainda ficam a alguma distância da ermida. (A superfície do antigo povoado era bem superior aos “400 metros quadrados”, referidos em “Etnografia Portuguesa”!)

Voltando ao Programa “Gentes da Gente”. O Sr. César teve a amabilidade de ceder algumas fotos. Publiquei duas em Aquém-Tejo. (Não publico nenhuma foto com as pessoas entrevistadas, porque não conheço ninguém e não lhes pedi autorização para divulgação.)

Neste postal, ilustro com duas fotos de um painel de azulejos que estará certamente na ermida. Imagens de Santo Isidro, padroeiro dos agricultores / lavradores.

13.jpg

Há uma questão curiosa que levanto, que também já li, abordada noutro blogue.

O orago / padroeiro da antiga aldeia do “Monte Chamiço”, até à sua extinção, meados do século XIX, era o “Martle Santo”, ou seja, São Sebastião.

Atualmente, desde o século XX, a devoção no Chamiço é direcionada para Santo Isidro.

Como e de que modos se terá processado essa modificação?!

As datas das respetivas celebrações terão tido influência nesse facto?!

*******

Por aqui me fico.

Boa romaria / romagem. Boa caminhada. Excelente audição do Programa “Gentes da Gente!

 

01
Fev23

O Apelido Carita e o Chamiço.

Francisco Carita Mata

A Trisavó Rosa!

Roseira da Avó Rosa. Foto Original. 14.05.22.

Quando publiquei postal sobre o apelido Carita e o Alto Alentejo, propus-me divulgar algumas narrativas sobre a origem, melhor, relacionamento, entre este apelido e a aldeia do Chamiço.

A minha Avó, Rosa Carita, sempre contara que a Avó dela vivera nessa aldeia e fora uma das últimas pessoas que lá haviam vivido. (Cabe aqui um parêntesis para mencionar que essa minha Avó Carita foi uma das motivações para eu utilizar no pseudónimo este apelido. Uma homenagem ao seu pendor narrativo. Que ela sabia, conhecia e contava-me imensos contos populares. Eu, criança, pedia-lhe sempre mais contos e estórias, até lhe esgotar a paciência.)

Contava ela que a sua avó aí vivera, tendo vida de lavoura. Mas a povoação foi sendo acometida por salteadores que roubavam e ameaçavam os poucos moradores. A situação tornou-se cada vez mais perigosa, sendo que, numa noite, os ladrões lhe assaltaram a casa, apernaram os criados, a ameaçaram de morte, a roubaram. Face à situação que se tornou insustentável, acabou por abalar para Aldeia da Mata.

(Contava, a minha Avó, que os salteadores vinham mascarados, mas um dos criados da sua avó conseguiu puxar a máscara de um dos meliantes e reconhecê-lo e saber de que localidade era. A Avó disse a terra, mas não vale a pena referir tal facto, ocorrido cerca de meados do século XIX.)

(Não é de somenos referir que a primeira metade do séc. XIX foi de grande turbulência, daí advindo grande insegurança por todo o país. Lembremos a “Guerra das Laranjas”,1801, em que ocorrências militares de diversos níveis aconteceram em toda a região norte alentejana. Depois as invasões francesas, 1807, 1808, 1810, a fuga do rei, a vinda e permanência dos militares ingleses, a revolução de 1820, a guerra civil entre liberais e absolutistas e mais uma série de revoltas populares pelas cinco décadas iniciais do século.)

Mas não é isso que importa. Todavia, não é de somenos frisar que essa insegurança, falta de autoridade do Estado, teve influência na disseminação do banditismo, infundindo medo nas populações, nomeadamente as mais desprotegidas, em localidades mais pequenas, como era o Chamiço. Tudo isso terá contribuído para o acelerar do respetivo despovoamento.

Deixemos a questão nacional e foquemo-nos na saga familiar da senhora Carita.

Na verdade, o apelido era do marido - João Carita. A lavradora chamava-se Rosa de Matos. Tiveram três filhos: Maria Conceição Carita, minha bisavó; Manuel Carita e Francisco Carita, que casou com a célebre Tia Maria de Sousa. Este casal teve apenas um filho, o Dr. João Carita de Sousa, médico, que faleceu muito novo, com trinta e um anos, por volta de 1930.

Sendo este casal, lavradores de muitas posses e não tendo deixado herdeiros, foram os bens divididos pelos vários familiares Carita, tanto os de Aldeia, como os do Monte da Pedra. Que foram muitos mais dos que mencionei, pois havia vários ramos de Carita.

Voltando agora ao tempo presente. No ano passado, 2022, a Prima Arlete Carita, também trineta da citada lavradora “Carita”, bisneta de Manuel Carita, deu-me fotocópia de um excelente texto sobre o Chamiço, que eu desconhecia, de autoria de Prof. Manuel Subtil, publicado no Jornal “A Mensagem”: “O Chamiço, antiga freguesia do Priorado do Crato”.

Aí também se aborda a história da familiar Carita. Publicarei o texto, em capítulos. Também divulgarei outras referências ao assunto, a partir de Etnografia Portuguesa, de D.or J. Leite de Vasconcellos.

*******

(Notas: As informações sobre os ascendentes Carita, obtive-as nos anos setenta do séc. XX, junta da Avó Rosa (1893 – 1978) e do seu irmão, Tio João Carita Valério (21/05/1897 - 1971).

A foto, original, de 14/05/22, é de Roseira branca, no Quintal de Cima. É proveniente de planta que existia no quintal da minha avó. Já a temos no local, há quase cinquenta anos. Veio de rebento - ladrão, a partir da original. Quantos anos terá efetivamente? Quem sabe se não terá também vindo do Chamiço!!??)

 

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