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Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

08
Jul23

Ricardina: a Gata Heroína!

Francisco Carita Mata

Ricardina gata heroína. original. 07.07. 23.

Gatos no Quintal (XIV) - Aldeia da Mata

Se eu me pusesse a escrever sobre os “Gatos do Quintal”, todos os dias tinha motivos para narrativas!

Basicamente são quatro irmãos, que, com o conhecimento obtido sobre os mesmos, foram adquirindo identidades e direito a nome: Gil (Eanes), Bartolomeu (Dias) – Bart; Ricardina e Maria Eduarda – Mi-Dú.

Gil e Ricardina são patentes no quintal, há meses, sem interrupções. Bart e Mi-Dú despareceram, por Abril. Mi-Dú reapareceu em Maio, aparentando ter parido. No dia 31 de Maio, observei três gatinhos, assomando-se por entre o telheiro do quintal do Ti Zé “Fadista”.

No início de Junho, voltei a vê-los, fugindo, ao final da Azinhaga, entrando para o Chão da Atafona. Nunca mais os vi. Mi-Dú, quase de certeza mãe, passou a ser presença permanente no Quintal de Baixo, local de amesendação. Sempre renitente relativamente à minha pessoa, embora prontamente aceite pelos irmãos - Gil e Ricardina, compartilhando refeições e companhia.

De Bart nunca mais soube nada. A modos que o Cabo foi mesmo das Tormentas. Ainda tenho Esperança que volte, que não tenha ficado lá pelas Índias!

Relembrados estes introdutórios, vamos às heroicidades!

Ontem, já depois das dezoito, quando fui regar, observei o gato e as gatas em rebuliço, no final da Azinhaga, junto ao Chão da Atafona e da figueira verdeal. Fui observar.

O que se passava?! (...)

Andavam de roda de uma cobra!

Andavam, é como quem diz… Que, Maria Eduarda depressa fugiu para o quintal, não sei se com medo de mim, se da cobra. Gil, valentão, trepador, contorcionista e equilibrista, predador de pássaros, depressa saltou para o muro do quintal. E este não foi com medo de mim!

Quem lutou, batalhou, se engalfinhou com a cobra, descobrindo estratégias e táticas para a conseguir filar pelo pescoço, foi Ricardina! Ricardina, a Heroína!

Eu, a bem dizer, fiquei um pouco atarantado. Consegui algumas fotos, fiz um pequeno vídeo.  Mas não tive qualquer intervenção sobre o acontecimento. Deixei que a Natureza funcionasse na sua plenitude.

A cobra defendia-se, atirando-se de boca aberta para a gata, esta afastava-se, mas depressa retomava a refrega. O réptil, a estratégia que usava era tentar fugir, subindo pelo muro do quintal de Doutor Agostinho. Mas não tinha qualquer sucesso. O muro é muito alto e revestido de cimento. Estes animais sabem que não vencem qualquer luta com predadores de topo, como são os felinos. A saída e defesa é fugir. O mesmo que fazem com os humanos. Abrir a boca é só para assustar!

O bicho ainda se lembrou de correr para o muro do Chão da Atafona, que é de pedra solta. Correr, correu, ainda se tentou infiltrar na parede… “lá foge a bicha…” pensei eu. Mas Ricardina, felina e heroína, não desistiu. Conseguiu puxá-la, apanhá-la pelo pescoço e mandá-la para “outro destino”.

As fotos documentam alguns dos factos.

A 1ª apresenta Ricardina junto do troféu. Gil, deitado, observando, que foi o que fez, após ter fugido de medo.

A 2ª foto mostra a cobra, enrolada, ferida ou morta (?), que, agora, à posteriori, apresenta-se-me esta dúvida...

Cobra. Original. 07.07.23.

Caro/a Leitor/a, espero que não se assuste com a(s) cobra(s). Não fazem mal. Mas eu, na verdade, também me assusto, se as vejo. Mas não as costumo matar. São também predadoras de animais prejudiciais para as agriculturas, os ratos, por ex. Competem com os gatos.

Votos de saúde, paz e bons passeios.

Hoje, está mais fresquinho, aqui, por este Alentejo do Alto!

 

12
Mai23

Gatos e Aves combinam?!

Francisco Carita Mata

Crónica sobre Gatos do meu Quintal (XII)

Desde Abril que não escrevo nada sobre os gatos no quintal e nunca mais soube de Bart nem de Mi-Dú!

A pergunta que titula o postal teve ontem, onze de Maio, uma resposta dramática. Gil aparece-me no “Quintal de Baixo” com um passarinho na boca. Parecia-me de ninho, ainda mal nascido. Logo tentei que largasse o “troféu” que me vinha mostrar. Fugiu com ele para o Chão, voltou novamente, repreendi-o outra vez, voltou a fugir, mas sem largar a presa. Assustei-o, mas nada. Tentei mostrar-lhe que não gostava da cena, ameacei-o. Impedi-o de ir dar a volta habitual, no circuito de manutenção, não lhe dei os mimos habituais. Será que compreendeu?!

Coisas de gatos! Decididamente gatos e pássaros não combinam, ou se há alguma combinação, os passarinhos perdem. Até há um ditado, talvez um pouco sádico: “o céu dos pardais é a barriga dos gatos”! Aliás a banda desenhada relatava esta saga entre o célebre Gato Silvester e o Piu – Piu. O gato sempre a querer papar o passarinho, a querer levá-lo para o céu!

“Mi-Dú” e Bart nunca mais apareceram. Todavia, nestes inícios de Maio, tem surgido um exemplar fugidio, não sei se gato se gata, ao final da tarde, para a amesendação vespertina. Sorrateiro, receoso, escapulindo-se por entre as sarugas, contornando os postes do cabanal, atreve-se ao repasto deixado nos recipientes.

Nem Gil ou Ricardina manifestam qualquer oposição. O medo, vergonha(?), do bicho é mais da minha pessoa. Não sei se será Bart, julgo que não, pois este chegou a ir comigo e o irmão até ao Porcozunho e Fonte das Pulhas. Mas como tem estado tanto tempo ausente, não sei. Também não tenho facilidade em conhecer. Penso ser outro da coleção dos gatos malhados, que nos foram adotando desde 2020. (Pelas minhas contas, seriam sete. Todavia, o máximo que vi, simultaneamente foram cinco: a mãe e os quatro filhotes.) “7 vidas têm os gatos”!

Sobre Ricardina. Em meados de Abril, observei que a barriga lhe crescia de ambos os lados. Pensei que estaria grávida. Tudo indicava que sim. Muito marralheira, pouco aparecia, quase apenas para comer. Pensei: para quando o nascimento?! Finais de Maio, princípios de Junho?!

Qual o meu espanto, quando a observo a 4 de Maio, de ventre liso. Ainda na véspera, a vira cheia. Que lhe acontecera?! Dera à luz?! Onde?! Quando nos apresenta os gatinhos?! Miava, miava muito, continuou miando nos dias seguintes. E os gatinhos não apareciam!

Tê-los-ia perdido? Teria abortado?! Teria parido nalgum quintal e o respetivo/a dono/a terá enviado os bebés para alguma “tecedeira de anjos”?! Perguntas sem resposta, até agora.

Continuou miando, meia aflita, por alguns dias. Até que veio ganhando ânimo. Recentemente, nos dias nove – dez, observei-a, em alegres brincadeiras, de namorisco com o Gil. Temos caso?!

E ocorreu-me uma pergunta impertinente. Será que o Gil, em comportamento típico de felino, terá exercido a função de “tecelão de anjos”?! Não sei!

Aguardemos o desenrolar de futuros acontecimentos. Os dois manos, casal(?) são presença permanente no “Quintal de Baixo”. Gil continua a acompanhar-me no circuito de manutenção. (O comportamento de ambos, perante diversas situações, é completamente oposto. Até na comida.)

Gil e Ricardina. Original. 08.05.23.

(Gil e Ricardina)

Voltarei a estas narrativas de gatos!

 

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