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Apeadeiro da Mata

Apeadeiro da Mata

25
Mai22

J. P. Dias – Joaquim Pedro Dias – Joaquim Pedro “Cego”

Francisco Carita Mata

Continuação da saga sobre um Homem notável e peculiar de Aldeia da Mata

Que gostava de fazer e deixar Obra e de a testificar, gravando as siglas do respetivo nome e as datações.

Horta do carrasqueiro. Foto original. 2022.05.18 jpg

Caro/a Leitor/a, nesta saga sobre o Srº Joaquim Pedro “Cego”, que viveu em Aldeia da Mata, no dealbar do séc. XIX para o séc. XX, vamos já para o sexto capítulo da narrativa.

O ponto de partida foi a Ermida de São Pedro, modesto, mas interessante monumento que sacraliza / cristianiza o espaço territorial da Povoação, a Norte, precisamente onde o Povoado se iniciou e, perdoem-me habitantes de outros locais da Freguesia, onde reside a respetiva Alma. (Isto, se as Terras têm Alma!)

Essa narrativa continuou por mais três capítulos, sobre o senhor e as suas obras, sobre a companheira, sobre a casa que para ela mandou construir. E um capítulo V, sobre o Ti Domingos “Cego”, que ia com o casal para a Horta do Carrasqueiro.

Ficámos de saber se no Monte / Horta de Sampaio, onde ele cegou, haveria algum registo e de confirmar o que, segundo a Mãe, existe na Horta do Carrasqueiro.

Aproveitando estes meses primaveris de Abril e Maio, passados na Aldeia, pesquisei sobre o assunto.

Em conversa com o Sr. Augusto Basso, penúltimo proprietário da Horta de Sampaio, fiquei a saber que aí não existe nenhum registo nominativo na obra, nem respetiva datação.

No dia 17 de Maio, tendo encontrado o Sr. José Gouveia, atual proprietário da Horta do Carrasqueiro, aproveitei para lhe perguntar se aí havia algum registo, conforme a Mãe me dizia. Confirmou o facto, referindo ser na frontaria e também a existência de uma janela lateral com gravação de letras na ombreira superior e encimada por uma cruz.

Pedi autorização para ir à Horta observar, confirmar e fotografar. Pedido prontamente aceite. Não deixei de questionar sobre as vacas, mas referiu que são mansas.

Ficou projetada uma ida, logo que pudesse.

E, nem de propósito, o Amigo Marco estava de folga no dia seguinte e entusiasta destes passeios culturais pela Natureza, combinámos uma visita ao local para essa data: 18 de Maio, 4ª feira.

Passeata que viria a incluir visita ao Carrasqueiro e ao Tapadão, para revisitar a respetiva Anta, aonde já não ia há várias décadas, quiçá, meio século.

Na Horta do Carrasqueiro confirmámos a respetiva datação: 1896 e as primeiras letras do nome, conforme foto titulando o postal.

E ficamos, por aqui?!

Caro/a Leitor/a, nos aguarde em próximo capítulo, SFF!

 

08
Mar22

«O Ti Domingos Cego» - Aldeia da Mata

Francisco Carita Mata

Um parêntesis na narrativa sobre J. P. Dias… ou talvez não!

 

«Das informações que tive, o Ti Domingos Cego, aos três meses de idade ainda via. Era filho de famílias pobres e, como tal, cedo começou a estender a mão à caridade para a sua sobrevivência, para o que muito lhe valeu a sua grande orientação quando ia pedir às povoações mais próximas. Para justificar o merecimento que as fatias de pão tinham para si, agradecia com umas modas que tocava na sua guitarra.

Eu ainda era miúdo, mas lembro-me de andar atrás dele a pedir que me desse uma corda partida da guitarra, mas já não sei se fui atendido. As pessoas que o conheciam bem dizem que ele tinha muito tacto nas ruas da nossa terra quando pedia porque ao chegar a qualquer casa chamava pelo nome da pessoa.

Faleceu na estrada que nos liga com o Crato, na recta do Cardoso, na vala do lado do Couto Vila Glória, alguns metros mais a nascente da entrada para esta propriedade. Foi no Inverno, de noite e chovia.

Contam que nesse tempo havia grandes bailharadas no Terreiro, e o Ti Domingos deixou fama de grande animador desses bailes, a troco de uns tostões para o caldo.

Depois de lhe darem uma cadeira ao jeito dele e de estar bem acomodado dizia aos rapazes: - Agora vamos a elas, deixem-nas comigo, ó rapaziada para ver quem se nega…

E foi assim o Ti Domingos, por ele os bailes nunca acabavam.»

 

In. “A Nossa Terra” – Purificação, João Guerreiro da – Há Cultura / Associação de Amizade à Infância e Terceira Idade de Aldeia da Mata, 2000. pág.283

 

Esta é a breve história, contada pelo Sr. João, no livro citado, verdadeira “Enciclopédia da Aldeia do séc. XX”, sobre este personagem peculiar de Aldeia da Mata, que acompanhava o Srº Joaquim Pedro “Cego” e a Sr.ª Conceição “Cega” à Horta do Carrasqueiro.

Ele ainda era vivo na década de trinta, quando o Srº João Guerreiro da Purificação era miúdo.

Tal como a Srª Conceição “Cega” também ainda era viva.

O Sr. Joaquim Pedro “Cego” já era falecido.

Relativamente a este personagem principal desta narrativa, além de não saber quando nasceu, também não sei se terá falecido na 2ª década do séc. XX (1911 – 1920), se já terceira (1921 – 1930)! (A “Casa” tem registado 1911! Logo, era vivo no dealbar dessa década.)

Também não sei quando terá cegado. Todavia, estando na Ermida registado 1901, terá sido em data anterior.

Terei de saber se na Horta de Sampaio há algum registo, porque foi na construção do monte que a ocorrência se deu.

Há que pesquisar!

(Interessante também registar que ocorrências importantes na Vida deste Sr. se processaram no dealbar da Monarquia para a República!)

 

Saúde! E muito Obrigado por seguir estas histórias. Que haja Paz!

E Feliz "Dia da Mulher"!

 

06
Mar22

A Caminho do Carrasqueiro!

Francisco Carita Mata

A saga de Joaquim Pedro Dias – 4º Capítulo!

E da Casa que ele mandou construir para a Srª Conceição “Cega”.

Uma Casa com História!

 

 

Este casal, para todos os efeitos eram um casal, Joaquim Pedro “Cego” e Conceição “Cega”, juntavam-se com o Ti Domingos “Cego”, também cego de ambos os olhos, a caminho da Horta do Carrasqueiro. E dizia o povo, segundo me contou a minha Mãe, que lhe contava a sua Mãe, minha Avó: “Lá vão três pessoas guiadas por um olho só”. Que apenas a Srª Conceição via de um olho!

 

(Esta Srª Conceição “Cega” era tia da Srª Maria de Matos, cuja mãe morou na “Casa” referida, até a tia morrer. Ou seja, enquanto esta teve o usufruto da mesma. Era a Srª Maria de Matos cachopa. Depreendemos que nos estaremos a referir, sensivelmente, aos anos trinta do séc XX.)

 

Esta Casa que Srª Conceição “Cega” teve de usufruto até morrer, provavelmente anos trinta ou inícios de quarenta do séc. XX, transitou por herança para D. Alice, 2ª sobrinha do Srº J. P. Dias.

Esta senhora e o marido venderam-na ao Srº João Mocho.

Este senhor queria instalar uma taberna, mas pretendia uma zona mais central, o que não acontecia com a “Casa”, que fica no limite Norte de Aldeia.

Então, o Srº João Mocho trocou a “Casa” com a que o “Ti Manel Henriques” tinha no centro da Localidade, na Rua principal, na “Baixa”. No local onde é a “garagem do Marques”. Bem no centro, à época. Anos quarenta?! A Mãe ainda se lembra da taberna aí, no centro da Aldeia!

O “Ti Manel Henriques” vivia na Cunheira, vindo periodicamente a Aldeia, cuidar dos terrenos. Vinha de carroça, puxada por uma mula. Ficava na “Casa”, no rés do chão. Nas traseiras da casa tinha o “palheiro”, onde ficava o muar. Manteve o 1º andar e as sobrecamas alugadas. Chegaram a habitar três moradores na “Casa”, que chegou a ter quatro entradas. Uma para a Rua Larga, utilizada pelo dono. E três entradas para a Travessa. A principal, para os rendeiros e no rés do chão, com entrada para a Travessa, o Mestre João Surrécio teve oficina de sapateiro. E a entrada para o “palheiro”.

Estamos a falar dos anos cinquenta e sessenta do séc. XX.

Lembro-me muito bem do “Ti Manel Henriques”, anos sessenta. Não me lembro da oficina de sapateiro, mas recordo-me perfeitamente de haver diferentes rendeiros no primeiro andar, nessa mesma década. Longe de imaginar que esta seria a “Casa” que nos viria a pertencer e onde viríamos a habitar, a partir de 1975. Os Pais compraram-na em 1974. Nesta altura já não havia rendeiros na Casa, que a pressão habitacional já havia refreado, pois muita gente já saíra da povoação, tendo migrado para as “Lisboas”, na década anterior!

E, por agora, mantenho “em banho-maria” a saga, que ainda saberei sobre “escritos” nas Hortas do Carrasqueiro e provavelmente também de Sampaio!

(E escreverei sobre "Ti Domingos Cego".)

Muito Obrigado por nos seguir até aqui. Muita Saúde. E Paz!

 

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