As Cheias das Ribeiras… e a "Tragédia de Valência” (I)!
Hoje é daqueles dias em que não faltarão assuntos sobre que opinar.
Mas propus-me escrever algo sobre a “Tragédia de Valência”!
Bem sei que o assunto já vai estando esquecido – esse é o mal – que outros temas, mais mediáticos, surgiram nas agendas. (Mas eu não gosto, nem sei surfar!)
Sobre o que quero escrever, vou reportar-me, inicialmente, à minha Aldeia. Parafraseando o célebre “ditado”: “O Mundo é uma Aldeia e uma Aldeia é um Mundo”!
A minha Aldeia fica situada numa colina, altitude média 249 metros. Ponto mais alto, final da Rua do Saco: 250 m.
A norte da localidade, passa a célebre Ribeira de Cujancas – célebre, porque já escrevi sobre ela várias vezes. Ribeira que é Ribeiras. Porque tem muitos nomes/designações, quando passa junto da Localidade. Junto à Ponte e Ribeira das Pedras, a 200/300 metros da Aldeia, a respetiva cota será de 210/220 metros de altitude.
Esta “Ribeira” passa, simultaneamente, perto e longe da povoação.
Perto, porque se chega fácil e rapidamente à Ribeira das Pedras, para ver as cheias. Longe, porque, quando estas ocorrem, nunca a água chega ou chegará à Aldeia. Só se houver – algum dia – quem sabe(?!) um Dilúvio Universal!
Mas, as cheias acontecem!
A última ocorrida foi em Dezembro de 2022. Em vez de uma, foram duas: a 13 e a 20! Presenciei. Fotografei. Observei a força e o poder das águas. E documentei.
Mas antes houve outras. Pessoas sábias deixaram assinaladas as datas: em 1941 e em 1959. Talvez para lembrar e não esquecer! Desta última, lembro-me. Foi a que destruiu os muretes da ponte da Ribeira do Salto.
A Mãe também me falou que houve outra grande cheia, em Janeiro de 1975. Mas desta não me lembro. À data, não estava a viver na terra. Estava em Lisboa.
(Não sei se houve mais alguma grande cheia neste intervalo de 1975 a 2022.)
Interessante que, em Janeiro de 2022 – longe de imaginar o que aconteceria em Dezembro – não tenho esse poder de adivinhação – eu fora limpar a pedra granítica onde estas datas estão registadas. Para permitir a visualização desse esboço epigráfico. Testemunhar o Património Material e Imaterial da Aldeia, que é constituído de memórias e lembranças. E as cheias são uma delas.
Mas só se lembra das cheias na ribeira da sua aldeia?! Perguntar-me-á, o/a Caro/a Leitor/a.
Também me lembro de ouvir contar sobre as cheias de 67, lá para Lisboa. (Mas, nessa data, estava a milhas da cidade!)
E, regularmente, nas “Cheias do Ribatejo”, quando as havia! E nas cheias da Ribeira, no Porto! E, nas do Mondego, quando elas eram cíclicas…
E, de tantas outras, em tantos lados e lugares, por esse mundo fora… Que acontecem todos os anos.
E, agora, destas de Valência! (…)