A Caminho do Carrasqueiro!
A saga de Joaquim Pedro Dias – 4º Capítulo!
E da Casa que ele mandou construir para a Srª Conceição “Cega”.
Uma Casa com História!
Este casal, para todos os efeitos eram um casal, Joaquim Pedro “Cego” e Conceição “Cega”, juntavam-se com o Ti Domingos “Cego”, também cego de ambos os olhos, a caminho da Horta do Carrasqueiro. E dizia o povo, segundo me contou a minha Mãe, que lhe contava a sua Mãe, minha Avó: “Lá vão três pessoas guiadas por um olho só”. Que apenas a Srª Conceição via de um olho!
(Esta Srª Conceição “Cega” era tia da Srª Maria de Matos, cuja mãe morou na “Casa” referida, até a tia morrer. Ou seja, enquanto esta teve o usufruto da mesma. Era a Srª Maria de Matos cachopa. Depreendemos que nos estaremos a referir, sensivelmente, aos anos trinta do séc XX.)
Esta Casa que Srª Conceição “Cega” teve de usufruto até morrer, provavelmente anos trinta ou inícios de quarenta do séc. XX, transitou por herança para D. Alice, 2ª sobrinha do Srº J. P. Dias.
Esta senhora e o marido venderam-na ao Srº João Mocho.
Este senhor queria instalar uma taberna, mas pretendia uma zona mais central, o que não acontecia com a “Casa”, que fica no limite Norte de Aldeia.
Então, o Srº João Mocho trocou a “Casa” com a que o “Ti Manel Henriques” tinha no centro da Localidade, na Rua principal, na “Baixa”. No local onde é a “garagem do Marques”. Bem no centro, à época. Anos quarenta?! A Mãe ainda se lembra da taberna aí, no centro da Aldeia!
O “Ti Manel Henriques” vivia na Cunheira, vindo periodicamente a Aldeia, cuidar dos terrenos. Vinha de carroça, puxada por uma mula. Ficava na “Casa”, no rés do chão. Nas traseiras da casa tinha o “palheiro”, onde ficava o muar. Manteve o 1º andar e as sobrecamas alugadas. Chegaram a habitar três moradores na “Casa”, que chegou a ter quatro entradas. Uma para a Rua Larga, utilizada pelo dono. E três entradas para a Travessa. A principal, para os rendeiros e no rés do chão, com entrada para a Travessa, o Mestre João Surrécio teve oficina de sapateiro. E a entrada para o “palheiro”.
Estamos a falar dos anos cinquenta e sessenta do séc. XX.
Lembro-me muito bem do “Ti Manel Henriques”, anos sessenta. Não me lembro da oficina de sapateiro, mas recordo-me perfeitamente de haver diferentes rendeiros no primeiro andar, nessa mesma década. Longe de imaginar que esta seria a “Casa” que nos viria a pertencer e onde viríamos a habitar, a partir de 1975. Os Pais compraram-na em 1974. Nesta altura já não havia rendeiros na Casa, que a pressão habitacional já havia refreado, pois muita gente já saíra da povoação, tendo migrado para as “Lisboas”, na década anterior!
E, por agora, mantenho “em banho-maria” a saga, que ainda saberei sobre “escritos” nas Hortas do Carrasqueiro e provavelmente também de Sampaio!
(E escreverei sobre "Ti Domingos Cego".)
Muito Obrigado por nos seguir até aqui. Muita Saúde. E Paz!