Arte “Pastoril” na Aldeia (II)
Trabalhos de Conterrâneos e algumas incursões minhas neste campo.
(“Manias minhas”, já se vê!)
Uma moca!
Houve um tempo específico, neste nosso querido Portugal, em que as mocas estiveram na moda.
Ainda se lembra Caro/a Leitor/a?! (Intolerâncias!)
Esta moca foi feita, a partir de um ramo de azinho, nessa época, pelo Srº Joaquim Mariano Belo, também conhecido – sem ofensa – por “Vira – Milho” e “Come batatas”! (Os anexins das Aldeias são um tratado de Sabedoria!) E ofereceu-a ao meu Pai.
Eu, nos anos oitenta, decorei a base do “cone” com umas “caraças” e a face, com estilização de folhas de carvalho e um sol. Depois, envernizei. (Os desenhos estão muito gastos. Precisam ser retocados.)
Porta – Chaves!
Também feito pelo Sr. Joaquim Mariano Belo, que deu ao meu Pai. Na face, que está na foto, as iniciais do meu Pai. Na outra face está o nome da Rua e o nº., para não se perder. Ou se se perder, encontrar o caminho de volta. Muito bem pensado. Também é em madeira. Não sei de que tipo. Mas que é muito resistente, lá isso é!
O formato é deveras interessante. Remete-nos para o perfil de antigas figuras antropomórficas, ancestrais, associadas a culturas primitivas, pré-históricas.
Uma cabaça com um formato muito original!
Nela, também em meados dos anos oitenta, fiz uns desenhos estilizados de folhas de carvalho negral. São muito recortadas e isso permite obter desenhos muito interessantes. Depois, também envernizei. O cordel de pendurar é de fio de barbante entrançado. Também dá um efeito agradável.
Um tapete em cortiça.
Foi-me oferecido, provavelmente também lá pelos anos oitenta ou noventa, pelo “Ti Zé Fadista”, meu vizinho do “Quintal de Cima” – lado poente. (Convém frisar que o Sr. Joaquim Mariano Belo era vizinho também do “Quintal”, lado leste.)
Penso que ambos, em novos, também tiravam cortiça.
Este tapete, para além do trabalho de transformar / aplanar a cortiça tem as decorações estilizadas deste tipo de artesanato. Remete-nos também para a decoração que se encontra em vasos de cerâmica antigos, pré-históricos, comuns nas culturas ancestrais de antigos povos peninsulares.
E, como se conseguia aplanar a cortiça?! Julgo que era cozida / escaldada. Depois colocada em superfície direita e sobrepondo-lhe pesos consideráveis durante algum tempo, para que ficasse direita. Depois seria cortada à medida.
Não sei quem fez os desenhos, se foi o “Ti Zé Fadista”. Mas sei que ele era muito habilidoso.
Os últimos trabalhos aqui apresentados são três cajados.
Estruturados e desenhados por mim, inspirando-me (?!) nesse tipo de artesanato.
Quando vou para o campo gosto sempre de levar um cajado. (Conselho do meu Pai!)
O da esquerda é de ramo de amendoeira amarga. É o que levo, habitualmente, quando o Gil vai comigo no caminho da Fonte das Pulhas. (A propósito, o gato Gil não aparece para aí há quatro dias. Que lhe terá sucedido?!)
O cajado do centro é de oliveira. É o mais decorado, mas é o mais frágil.
O da direita é de loureiro.
O que acha O/A Caro/a Leitor/a?!
(É caso para se dizer: "presunção e água benta cada um toma a que quer"!)